Pequim confirma que livreiro de Hong Kong desaparecido está na China

Lee Bo, de 65 anos, trabalha para a editora Mighty Current, conhecida por publicar obras críticas ao governo chinês
AFP
Publicado em 19/01/2016 às 10:22
Lee Bo, de 65 anos, trabalha para a editora Mighty Current, conhecida por publicar obras críticas ao governo chinês Foto: Phillipe Lopez/AFP/Divulgação


Pequim confirmou, nesta terça-feira (19/1), que um dos livreiros cujo desaparecimento comove Hong Kong encontra-se na China continental. Lee Bo, de 65 anos, trabalha para a editora Mighty Current, conhecida por publicar obras críticas ao governo chinês.

Diferentemente dos outros quatro funcionários de Mighty Current que desapareceram (três deles no sul da China, outro na Tailândia), Lee Bo sumiu em dezembro quando ainda estava em Hong Kong. Os serviços de segurança chineses não estão autorizados a intervir nesta região semiautônoma.

Um porta-voz do governo de Hong Kong indicou em um comunicado que a polícia havia recebido uma carta do departamento de segurança pública da província de Guangdong, fronteiriça com Hong Kong, segundo a qual Lee Bo encontra-se na China continental, mas a correspondência não fornece mais detalhes.

No domingo (17/1), outro funcionário da Mighty Current, Gui Minhai, desaparecido em outubro na Tailândia, fez uma surpreendente confissão filmada pela televisão chinesa.

Entre lágrimas, explicou ter voltado voluntariamente à China continental para cumprir sua condenação por ter atropelado fatalmente há 11 anos, quando estava embriagado, uma aluna universitária.

O homem explicou que após ser condenado a dois anos de prisão condicional fugiu da China, mas que agora decidiu voltar para assumir responsabilidades legais.

No entanto, defensores dos direitos humanos classificaram nesta segunda-feira de cortina de fumaça esta suposta confissão, para ocultar que os funcionários do Mighty Current estavam de fato detidos pelos textos que publicam.

Estes desaparecimentos preocupam Hong Kong, que goza de liberdades civis que não existem na China continental e onde se teme que Pequim aumente seu controle político sobre o território, que se reintegrou à China em 1997 com a condição de conservar seu modo de vida e suas liberdades.

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