Patrícia Naia lança o livro 'O Punho Fechado no Fio da Navalha'

A obra, editada pela Castanha Mecânica, traz versos sobre o Recife, o lutar e os afetos
Diogo Guedes
Publicado em 18/05/2017 às 14:51
A obra, editada pela Castanha Mecânica, traz versos sobre o Recife, o lutar e os afetos Foto: Divulgação


O Recife é um tema recorrente, fruto de afeto, de repúdio e de luta, na poesia da autora paulista radicada no Recife Patrícia Naia. No seu primeiro livro de versos, O Punho Fechado no Fio da Navalha, a escritora fala da capital que adotou como “uma navalha”, “uma coisa de matar”, “estado de espírito”, “lugar ridículo”. É como se reconhecesse que às vezes se ama algo justamente por seus perigos, defeitos e limites.

O volume é lançado nesta quinta (18), a partir das 19h, no Espaço Casarão dos Movimentos Sociais. A obra sai pela Castanha Mecânica, editora do poeta Fred Caju, em formato cartonero, com edição artesanal com capas de papelão.

“Eu já vinha reunindo poemas há pouco mais de dois anos. E sempre os publicava em redes sociais, blogs, etc. Mas isso para mim não era suficiente. Na internet é tudo muito fluído, muito rápido, e eu queria que as pessoas desacelerassem, tivessem uma experiência sensorial com as coisas que eu escrevo. Então, comecei a produzir zines e vender, trocar em saraus, em eventos literários, etc.”, explica Patrícia. “Então, eu reuni poemas que estavam guardados há um bom tempo, fui conversando com eles, reeditando, buscando elos entre eles, buscando uma protonarrativa e os diálogos possíveis que entrelaçariam todo o livro.”

O RECIFE

De certa forma, O Punho Fechado no Fio da Navalha trabalha questões como o Recife, a luta – por direitos, contra preconceitos, por uma outra cidade – e o afeto, com esses temas se entrelaçando de uma forma que a própria autora prefere não dissociar. “O livro tem poemas extremamente românticos, tem Recife o tempo inteiro e histórias de resistência. Eu pensei em fazer um livro que representasse muito do que eu sou e do que sinto nessa cidade”, aponta a autora.

O livro chegou até a Castanha Mecânica depois que Fred abriu a editora para o recebimento de originais. Como todo o processo é artesanal e demanda trabalho, a editora escolheu apenas uma obra. “Na seleção não era só a obra que tinha peso absoluto no processo, existia um formulário onde quem se inscrevesse deveria preencher. Entre as perguntas, eu questionava o que a autora ou o autor fazia para formar um público leitor; onde se costuma se atualizar com livros e que ambientes e espaços ele atua com uma interferência literária”, comenta Fred.

Foi também com essa visão que O Punho Fechado no Fio da Navalha terminou impressionando o editor. “O livro de Naia correspondeu bem ao que acreditamos na editora. É um livro de resistência, que não se dobra aos poderes estabelecidos e que usa o afeto como arma. E a autora tem uma atuação forte na cena literária com o Controverso Urbano, um coletivo que trabalha com ocupação de espaços públicos em rodas de poesia, sarau e slam. Além da militância dela e dela ser professora”, conta o editor, que ainda teve conversas com Patrícia e sugeriu mudanças.

No lançamento, Patrícia vai trazer um pouco do seu trabalho no Controverso Urbano. Vai ler textos do livro e de duas autoras que foram essenciais para a concepção do livro: “Conceição Evaristo de quem é, inclusive, a epígrafe do livro. E Maria Carolina de Jesus, inspiração para o projeto gráfico”, explica.

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