A obra começa com uma epígrafe de Luís de Camões, traz a reunião de importantes nomes da literatura brasileira e vai ser lançada no mais prestigiado evento sobre livros do País, a Festa Literária Internacional de Parai (Flip). Ao mesmo tempo, o volume toma abertamente uma posição e faz um protesto político direto já no seu título: LulaLivre * LulaLivro. Editada de forma independente, a publicação traz colaborações de 90 autores em diversos formatos: poemas, cartas, textos opinativos, discursos, crônicas, charges e quadrinhos.
Hoje, o livro tem um pré-lançamento na Casa Paratodxs, em Parati, às 20h Dois escritores foram os responsáveis pela organização da obra: o pernambucano radicado em São Paulo Marcelino Freire e o paulista Ademir Assunção. Foi deles que partiu o convite para os autores “que consideram a prisão de Lula uma aberração jurídica-política-midiática, com o objetivo maior de tirá-lo das eleições presidenciais deste ano, no tapetão, na cara-dura”, como dizia o texto enviado.
É uma lista de respeito a dos que atenderam o chamado: Raduan Nassar (com o discurso que deu ao receber o Prêmio Camões), Augusto de Campos, Alice Ruiz, Paulo Lins, Noemi Jaffe, Andrea del Fuego, Chacal, Chico Buarque, Aldin Blanc e Chico César, entre outros. No campo dos quadrinhos, aparecem Laerte, Caco Galhardo e Ricardo Stocker. De Pernambuco, além de Marcelino, estão Raimundo Carrero (que vê Lula como um personagem de Graciliano), Alberto Lins Caldas, Xico Sá e Sidney Rocha.
A epígrafe de Camões é uma amostra do sentido de urgência dos autores na obra: "Não mais, Musa, não mais, que a lira tenho/ Destemperada e a voz enrouquecida,/ E não do canto, mas de ver que venho/ Cantar a gente surda e endurecida”. A prisão de Lula é comparada ao livro O Processo, clássico de Kafka em que Joseph K. se vê julgado sem conseguir descobrir qual é a acusação.
“Orquestrado sob o pretexto de combate à corrupção – combate sempre bem-vindo e necessário – sua utilização camufla, porém, objetivos maiores: barrar as mudanças significativas que estavam em curso no país – muitas delas resultantes de demandas seculares”, explicam Marcelino e Ademir.
Até por sua natureza, LulaLivre * LulaLivro não se propõe a ser uma coletânea literária em si, mas sim um “documento claramente político, com as armas que os autores utilizam em seu fazer criativo”. Apesar disso, os textos não se restringem a falar apenas da liberdade de Lula ou defendê-lo: eles comentam o cenário de ódio político, defendem o combate às desigualdades sociais e abordam a história de opressão do Brasil contra as minorias.
A apresentação termina com as demandas que unem os autores participantes: “Pelo fim da prisão política de Luiz Inácio Lula da Silva; pelo direito dos eleitores votarem – ou não – em sua candidatura para a Presidência da República; pelo retorno do Brasil à normalidade democrática”. LulaLivre * LulaLivro deve ser impresso em vários locais do Brasil por movimentos sociais e doado ou vendido sem fins lucrativos. Marcelino e Ademir ainda deve colocar no ar um site com o PDF do livro disponível para download.