Garotada se diverte ao som do setentista Ave Sangria

Baile do Seu Waldir foi organizado por jovens estudantes de jornalismo da UFPE
AD Luna
Publicado em 04/07/2011 às 6:00
Baile do Seu Waldir foi organizado por jovens estudantes de jornalismo da UFPE Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem


Existe certo tipo de jornalista e/ou crítico musical que adora impor, consciente ou inconscientemente, seus gostos pessoais (disfarçados como “tendências”) aos outros. Em tom quase ditatorial, ele quer te dizer que a nova banda do sudoeste da Irlanda ou o trio incensado pela imprensa britânica é o que você, pobre ignorante sem autonomia intelectual, “tem que ouvir e gostar” (o que é diferente de informar). Caso contrário, você vai para o inferno dos ignorantes da “modernidade”. Levando-se em conta o que se viu no último sábado, em Olinda, tal profissional possivelmente criaria úlceras por seus sermões não serem seguidos à risca por uma importante parte da juventude pernambucana. 

Apesar da chuva que caiu à noite, em Olinda, uma galera de 20 e bem poucos anos encheu o Mercado Eufrásio Barbosa para ver, cantar, dançar e viajar mentalmente ao som do Ave Sangria – seminal, porém quase obscura, banda pernambucana dos anos 1970. Acompanhado pelos jovens músicos do Anjo Gabriel, o cantor e compositor Marco Polo tocou músicas do único disco lançado por seu ex-grupo, em 1975, além de outras não gravadas. Era uma cena impressionante (e alentadora) para este músico e repórter acostumado a presenciar, durante seus oito anos de São Paulo, a submissão de inúmeros jovens paulistas aos ditames de profissionais “descolados” de certo(os) caderno(s) de cultura daquele Estado. 

Neste e em outros casos, boa parte da rapaziada do Recife e adjacências ou costumam mandar uma banana para o que os jornais ditam ou pegam as informações e as reprocessam. “A gente não quer seguir o padrão, queremos manter ligação com movimentos musicais anteriores e descobrir outras coisas”, afirma a estudante de jornalismo (ainda resta esperança) da Universidade Federal de Pernambuco, Thaís Vidal, 20 anos. Ela e mais quatro colegas de turma do mesmo curso da UFPE – Gianni Paula, 20; Rafael Moura, 21; Rafael Cavalcanti (vulgo Magal), 21; e Aaron Athias, 22 – comandam o coletivo Gangorra, responsável pelo conceito e organização do Baile do Waldir. 

O nome da festa com cara de festival, aliás, alude à música homônima do Ave Sangria, usada como motivo maior da censura imposta à banda pelo Departamento de Censura da Polícia Federal, durante o tempo da ditadura militar. Conta-se que os versos, supostamente homoafetivos "Seu Waldir o senhor/ Machucou meu coração/ Fazer isto comigo, seu Waldir/ Isto não se faz não... Eu quero ser o seu brinquedo favorito/ Seu apito/ Sua camisa de cetim..." teriam escandalizado a esposa de um general e este sentiu-se na obrigação de ordenar o recolhimento do mercado de todos os exemplares do LP do Ave. Esta foi a primeira produção dos meninos do Gangorra. Segundo Thaís, eles pretendem continuar organizando mais festas e eventos.

Leia a matéria completa no Caderno C desta segunda-feira (4).

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