A cantora cubana Lena Burke, com um baixista e um baterista, abriu o show da inglesa Joss Stone, neste domingo, no Chevrolet Hall, às 19h. Soltou a voz, durante uma hora para, se muito, 200 pessoas. Quase ninguém sabia de quem se tratava, e Lena teve que conquistar a minúscula plateia com o inegável talento. Enquanto cantava, acompanhava-se ao teclado, num repertório que incluía salsa e um vozeirão que já lhe deu duas indicação ao Grammy Latino. No lado externo do Chevrolet Hall, porém, pouca gente. Cambistas trocavam o “Ingresso sobrando, eu compro”, por “Aqui é mais barato do que na bilheteria”, e já vendiam ingressos com descontos. A meia entrada pista, que custava R$ 90, era vendida a R$ 60. Parecia que Joss Stone faria seu show para a menor plateia de sua já longeva carreira.
Quando ela adentrou ao palco, 20h10, o público tinha misteriosamente avolumado-se para cerca de 3 mil pessoas, como se tivessem combinado de chegar na mesma hora, o que é pouco para a imensidão do local, mas foi uma plateia que compensou com entusiasmo, correspondido por Joss Stone. Que começou cantando sucessos como Super duper love, para enveredar por novas canções do disco que lança este ano, pelo que mostrou será a nova regueira do pedaço. Esbanjando simpatia, conversava com a plateia, e foi retribuída ganhando bichinho de pelúcia, camiseta e rosa. Porém reagiu aos gritos de “linda” comentado que, na Inglaterra, “Linda” é um nome próprio. “É como se alguém me chamasse de Sarah”, comentou.
Pela plateia notavam-se resquícios do protesto contra a presidente Dilma, ocorrido na manhã do domingo. Camisas verdes e amarelas e algumas bandeiras brasileiras. Mas raras camisetas com o rosto de Joss Stone. Uma moça desfilava de vestido verde, com uma bandeira nacional pendurada na cintura. Quatro amigas, na área vip, confessaram que não são muito fãs da cantora. Uma conhecia três músicas. Nenhuma foi à passeata contra o governo Dilma. Mas uma disse que gostaria de ter ido: “Porém acordei tarde”. Assim como as amigas, também não quis dizer o nome.
Ao vivo, Joss Stone é ainda melhor do que em disco. A voz impressiona pela afinação e alcance. Com ela, duas vocalistas e uma banda azeitada (perto do no final do show, o baixista levantou o público com um longo solo). Acrescente-se um domínio de palco que impressionou quando ela lançou o primeiro disco aos 16 anos (em 2003). Ela repetiu praticamente o mesmo repertório que mostrou em São Paulo no meio da semana, com uma dose maior de inéditas. A turma do gargarejo cantou em coro os clássicos de Joss Stone, como a bela balada Soul Right to be wrong, numa versão acústica.
Antes de cada canção, ela fazia um resumo da letra, ou de onde surgiu a inspiração. Nas mais conhecidas, incentivava o público a cantar, entoando os primeiros versos. Interagiu com os fãs o tempo todo, fazendo um show quase intimista no enorme espaço do Chevrolet Hall. O bis foi apoteótico, terminou com o funk Some kind of wonderfull, conversando, dançando, enquanto a banda improvisava, lembrando os clássicos shows de Elvis Presley, Joss Stone apresentou a banda, deixou que as duas vocalistas mostrassem seus dons. Fechou a noite, no melhor estilo Roberto Carlos, distribuindo rosas brancas à plateia.