Liniker transforma suas angústias em canções de amor no álbum Remonta

Em sua terceira passagem pelo Recife, Liniker & Os Caramelows lançam seu primeiro álbum
JC Online
Publicado em 18/11/2016 às 9:21
Em sua terceira passagem pelo Recife, Liniker & Os Caramelows lançam seu primeiro álbum Foto: Foto: Gabriel Quintão/ Divulgação


De Araraquara, interior de São Paulo, a cantora trans Liniker, 21 anos, viralizou na internet com o vídeo da música  Zero, no ano passado. A faixa integrava o EP Cru (2015), que era uma prévia de Remonta, álbum que Liniker vem escrevendo desde os seus 16 anos. Depois de rodar o país com 80 shows em um ano (incluindo duas passagens pelo Recife), Remonta enfim ganhou vida e tem show de lançamento hoje, às 22h, no Baile Perfumado, com abertura de Clayton Barros.

“O Remonta é anterior à banda. Tava na cabeça da Liniker desde que ela começou a escrever as letras e tudo. Fomos desenvolvendo esse projeto, maturando a sonoridade, fazendo muito teste. Aí no meio do ano passado a gente sentou e pensou nessa série de videos que a gente soltou com o Cru. Quando elas tiveram repercussão, em outubro, começaram a ter muitos shows e demos uma parada no Remonta. Mas fizemos a turnê já pensando no Remonta. Oito das 13 músicas [do disco] a gente já tocava nos shows”, detalha Rafael Barone, baixista da Caramelows, banda de apoio de Liniker.

Além de novas versões das três músicas de Cru, o Remonta tem três inéditas: Você Fez Merda, Ralador de Pia (com Tulipa Ruiz, Assucena Assucena e Raquel Virgínia) e BoxOkê (com a banda Aeromoças e Tenistas Russas e a cantora Tassia Reis, representantes da cena do interior paulista). Diferente do EP, este novo álbum foi gravado em um estúdio de ponta – o Red Bull Studios, em São Paulo – e com a mão do experiente produtor Márcio Arantes – que já trabalhou com Tulipa Ruiz, Maria Bethânia e Ná Ozzetti.

“O Cru a gente fez com nosso próprio punho. No remonta, o técnico de som do Red Bull Studios trouxe um lugar muito livre pra gente”, aponta Liniker. Rafael Barone completa: “Uma coisa que ele trouxe muito forte foi um fio condutor. A gente tava trabalhando muito com essa colaboração, todo mundo colabora e o maestro dá uma unidade e tira algumas arestas”. Esse fio condutor, ou pelo menos um deles, é “a textura sonora dos anos 1970 e uma roupagem mais atual”, diz Barone, que menciona a soulman de Chicago Lily Fields como uma das referências.

Quanto ao tema das letras, Liniker diz: “acho que todas passeiam pelo amor, realizado ou frustrado”. E acrescenta: “Naquela época a escrita e a composição era algo muito terapêutico para o que tava me atingindo e me deixava chateava. A coisa era muito intimista. Remonta vem de transformar essas angústias que eu sentia. É como um escudo”.

GÊNERO

Conhecido por falar muito sobre a desconstrução de gêneros sexuais normativos e empoderamento negro, Liniker começou a ser enquadrado pela imprensa e público dentro desse nicho dos “músicos desconstruídos”, “música tombadora” e afins. Por isso ela decidiu não tocar mais nesse assunto em entrevistas – ainda que tenha participado de uma campanha publicitária da Axe sobre essas mesmas questões. 

“A gente precisou bater o pé e dizer que queremos falar do que a gente tem feito musicalmente”, destaca Liniker. “Começou a se falar sobre uma coisa de gênero e toda a desconstrução como essa caixinha, tentou segmentar nisso. E aí veio a resistência. Tão entendendo que a gente tá construindo uma obra artística e precisa ser escutado e isso tá acontecendo numa maneira muito orgânica”, conclui.


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