Enquanto Isso na Sala da Justiça misturou o melhor dos dois mundos

A tradicional prévia carnavalesca reuniu foliões apaixonados por cultura pop, mas permaneceu com as raízes fincadas no regional quanto à música
JC Online
Publicado em 27/01/2018 às 19:55
Foto: Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem


Um misto de cultura regional e universal. Assim foi a 23ª edição do Enquanto Isso na Sala da Justiça, uma das prévias carnavalescas mais tradicionais no Estado, realizada nesta sexta-feira (26) no Pavilhão do Centro de Convenções, em Olinda. Enquanto os foliões esbanjaram criatividade com fantasias inspiradas em filmes e séries que fazem e fizeram sucesso no mundo inteiro, a animação ficou por conta dos ótimos shows de Malícia Champion, Otto e BaianaSystem, artistas que sempre fazem questão de enaltecer a música nordestina em suas performances.

Projeto paralelo do vocalista Alexandre Urêa, das bandas Eddie e Academia da Berlinda, o sexteto Malícia Champion - que se completa com os músicos Marconi Modas (guitarra), André Mucuim (baixo), Antônio Carlos Papito (teclado), Charles Bronçu (bateria) e Naguê Dibalê (percussão) - subiu ao palco por volta das 23h, levando sua pegada tropical para um público ainda tímido, que começava a chegar mas já entrava logo no clima Original Olinda Style da banda. Liderado por um Urêa fantasiado de índio, o grupo embalou o público com suas releituras para hits como Baby Doll de Nylon, de Robertinho do Recife; Zanzibar, do grupo A Cor do Som; Anunciação, do mestre Alceu Valença; entre outros.

Enquanto Otto, segunda atração da noite, não entrava em cena, o público se dividia sobretudo entre comprar bebidas no bar - que estava bem organizado, por sinal -, e tirar fotografias em grupo, fosse com os amigos ou com pessoas desconhecidas, o importante mesmo era celebrar a cultura pop e o encontro dos personagens de um mesmo universo ou gênero. Havia vários Rick & Morty, série de animação adulta de comédia e ficção científica que tem feito bastante sucesso de uns dois anos pra cá. Entre eles, estava o estudante de engenharia Artur Ferreira, de 23 anos, que estava com uma enorme “máscara-cabeça” de Rick e um Morty de pelúcia na mão. Assim como ele, porém de uma forma mais estilizada, estavam Yves Mendes, 31, de Rick, e sua noiva Karen Reis, 34, de Morty.

Sempre comuns às festas momescas, as fantasias de casal também fizeram muito sucesso no evento. Não faltaram Arlequinas e Coringas, cosplays que entraram no guarda-roupa de muita gente depois do lançamento de Esquadrão Suicida (2016). Assim foram a arquiteta Rafaela Lemos, 34, e seu namorado Augusto, músico, 34, que customizaram os adereços com muita criatividade. “Meu bastão é todo feito de jornal. Só fiz juntar os papéis, envolver com fita crepe e pintar de dourado”, contou Rafaela. Contudo, não teve inspiração certa que tenha feito mais sucesso do que o casal Fátima Bernardes e Túlio Gadêlha. A comandante do Encontro apostou na fantasia de Mulher-Gato, combinando com o Batman do pernambucano. Os dois estavam na pista super à vontade, prontos para curtir o show de Otto, e Fátima esbanjava simpatia quando pedida para ser fotografada.

Era quase 1h quando Otto veio a público para mostrar o show do seu mais novo disco, Ottomatopeia (2017). A abertura ficou por conta da canção Bala, que também abre o álbum. Sem fantasia, mas com sua pitoresca presença de palco, o cantor se molhou e sensualizou, arrancando gritos da plateia. Depois de mandar as recentes Caminho do Sol, Atrás de Você, Carinhosa e Meu Dengo, Otto cantou as clássicas Saudade, parceria sua com a mexicana Julieta Venegas, Crua, Janaína e 6 Minutos, do seu bem-recebido álbum Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos (2009). Também entraram no repertório Exu Parade, do disco The Moon 1111, e Dias de Janeiro, do Condom Black.

Tom político

O tom político também marcou o show do pernambucano, que puxou o já tradicional "Fora, Temer". Em outro momento, ele também disparou: “Isso sim é bloco, aqui num tem abadá não, mermão (sic)”. Sempre enaltecendo a música pernambucana, Otto fez questão de citar Chico Science e cantar Da Lama ao Caos. Outra homenagem ele dedicou a Alexandre Chorão, com a música Como Tudo Deve Ser, do Charlie Brown Jr. Após pouco mais de uma hora de show, o cantor se despediu do público com Ciranda de Maluco, animando e preparando a galera para o enérgico show de BaianaSystem que viria em seguida.

Não foi só durante o show que o público aproveitou para protestar. Teve grupo que vestiu o "Fora, Temer", literalmente. Cada pessoa era uma letra da frase. Outros criticaram a tarifa única proposta por Paulo Câmara, usando uma máscara com o rosto do governador. A troça carnavalesca Empatando Tua Vista também marcou presença no evento, com seus integrantes fantasiados de altos edifícios. Todavia, a maioria apostou mesmo nos personagens do cinema e TV. Dentre as produções, destacaram-se os protagonistas de Stranger Things, aclamada série da Netflix. O barbeiro João Vaz, 24, fez cosplay de Eleven, e o veterinário Rafael Queiroz, 28, de Dustin, aproveitando o cabelo comprido. “Eu curto a série e já tinha um casaco azul que dava para usar, aí só foi mandar fazer o vestido”, afirmou João.

Também participaram da festa o Jonas, da série de sci-fi Dark; o Homem Sereia e o Mexilhãozinho, de Bob Esponja; Eustácio e Muriel, de Coragem, o Cão Covarde; Alex, do filme Laranja Mecânica; as gêmeas do filme O Iluminado, os motoqueiros da série Sons of Anarchy, a Malévola e muitos outros. Confere a galeria abaixo:

Apesar dos graves fortes de SekoBass terem sobreposto a voz de Russo em alguns momentos, o grupo cumpriu com todas as expectativas dos fãs, muitos com a máscara símbolo da BaianaSystem. Um deles, inclusive, subiu ao palco para cumprimentar os ídolos, depois de segurar uma faixa dizendo que era seu aniversário e pedindo por isso.

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