Zé Ramalho é ídolo e xamã também dos fãs de Raul Seixas

Cantor faz uma retrospectiva da carreira hoje no Guararapes
JOSÉ TELES
Publicado em 31/01/2020 às 15:36
Cantor faz uma retrospectiva da carreira hoje no Guararapes Foto: Foto: Divulgação


“Com as tábuas da arca de Noé/Como lendas que vêm do Abaeté/E como espadas de luz enfeitiçada/Nas paredes da pedra encantada/Os segredos talhados por Sumé”, quando Zé Ramalho escreveu estes versos para Nas Paredes da Pedra Encantada, faixa do álbum Paêbirú - O Caminho da Montanha do Sol, de 1974 (dividido com Lula Côrtes), Raul Seixas estava começando a compor canções de letras com misticismo calculado que o parceiro Paulo Coelho. Zé Ramalho vinha da experiências cogumelos e ácido lisérgico, consumido em profusão pela turma do udigrudi pernambucano dos anos 70.

Experiências que estão bastante presentes no primeiro álbum solo dele pela CBS/Epic, e surgem já na abertura do repertório com Avohai, e suas estrofes enigmáticas, com influência das métricas dos cantadores de viola: “Neblina turva e brilhante/Em meu cérebro coágulos de sol/A manita matutina/E que transparente cortina/Ao meu redor “, pensamentos que lembram textos do bruxo Castañeda. A “manita matutina” é nome científico do cogumelo alucinógeno, que brota ao raiar do dia nos pastos onde o gado pasta. Zé Ramalho, cuja carreira completa a data redonda de 40 anos, a contar do lançamento de Paêbiru, apresenta hoje, à noite, no Teatro Guararapes, teve toda sua discografia oficial, mais raridades postadas nas plataformas digitais, em 3 de outubro de 2019, quando ele completou 70 anos (podem ser conferidos no link: https://smb.lnk.to/70AnosZeRamalho).

“Avohai significa avô e pai, e não avô Raimundo, como muita gente pensa. O nome do meu avô era José Ramalho. Foi a única música psicografada por mim. Aconteceu de uma forma mágica, uma voz soprando no meu ouvido. Eu estava sob efeito de um chá de cogumelo alucinógeno. A gente ia pros pastos, sempre de manhã bem cedinho, com o sol nascendo, porque ele nasce em cima das fezes de boi zebu e só dura umas poucas horas, depois seca e morre”, contou o cantor em uma entrevista ao JB, em 1996.

TOCA RAUL

Não por acaso, no repertório que Zé Ramalho apresenta no show de hoje, há duas da obra de Raul Seixas, Gita e Medo da Chuva (ambas com Paulo Coelho). Grande parte dos órfãos de Raul Seixas engrossou as fileiras do fã-clube de Zé Ramalho, mais do que a admiração por um ídolo é uma espécie de xamanismo, para muitos que seguem o artista Paraibano de Brejo da Cruz. E Ramalho, o neto, nunca deixa de cantar o que eles querem e precisam ouvir, as filosóficas, cósmicas e enigmáticas Avohai, Frevo Mulher, Admirável Gado Novo, Chão de Giz, Beira-Mar, Eternas Ondas, Garoto de Aluguel, Vila do Sossego, e Banquete de Signos.

A apresentação de Zé Ramalho começa às 21h, no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções no Complexo de Salgadinho. Ingressos custam: Os ingressos no primeiro lote custam R$ 80,00 (meia) e R$ 160,00 (inteira) para o setor Balcão; R$ 110,00 (meia) e R$ 220,00 (inteira) para o setor Plateia B; e R$ 120,00 (meia) e R$ 240,00 (inteira) para o setor Plateia A. Fone: 3182-8000

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