O grande encontro de Geraldo Azevedo e Assunção de Maria

Geraldo Azevedo divide disco com compositor baiano inédito
JOSÉ TELES
Publicado em 01/02/2012 às 6:54


Na enxurrada de discos lançados no ano passado, poucos são tão curiosos como o disco de Assunção de Maria e Geraldo Azevedo. O disco chama atenção pelo acabamento. A capa é atraente, assim como a embalagem. A qualidade sonora impressiona. É um álbum de inéditas compartilhado entre Geraldo Azevedo e o misterioso Assunção de Maria. Ambos nasceram na mesma região, o Sertão do São Francisco – um nasceu em Petrolina (no então distrito de Jatobá), o outro, na vizinha Juazeiro –, e têm mais ou menos a mesma idade. A primeira composição de Geraldo Azevedo é de 1967, Aquela rosa, em parceria com Carlos Fernando. Assunção de Maria começou a fazer música quando tinha 12 anos. Se conheciam pessoalmente, mas jamais imaginaram que um dia gravariam juntos. Aliás, Geraldo Azevedo nem sabia que Assunção fazia música.

O disco surgiu por acaso. “Robertinho do Recife veio à Petrolina para produzir uma música para o Clube 21 de Setembro, que fazia um século. A música foi composta por Geraldo Azevedo, e ia ter a filarmônica do clube na gravação. Foi o presidente do 21 de Setembro que me apresentou a Robertinho, eu acabei mostrando minhas músicas, e ele foi o vínculo entre eu e Geraldinho”, resume Assunção de Maria, que vive como empresário bem-sucedido na região.

“Robertinho foi que sugeriu o CD. Me mostrou as músicas que ele trouxe. Gostei das letras. Eu conhecia Assunção por causa das empresas deles. Por coincidência, anos atrás, fui convidado a tocar numa inauguração de um loteamento dele, e fui pago com um dos lotes, que tenho até hoje. Jamais pensei que faríamos um disco juntos”, completa Geraldo Azevedo.

Apesar do seu longo tempo de estrada, de discos gravados, Geraldo Azevedo tem menos músicas compostas do que Assunção de Maria, que nunca compôs para gravar, ou cantar em público: “É um diário. Tudo o que me acontece, transformo em canção. Então, a quantidade de composições prontas é imensa. E aí é que entrou Robertinho e sua sensibilidade de artista, de produtor. Claro que ele não pode ouvir tudo. Pegou umas 50, e o que fez foi dar uma forma a estas canções, um perfil”, conta o baiano Assunção.

O álbum foi divido em parcerias assinadas pelos dois, de Geraldo Azevedo com Nando Cordel e com Geraldo Amaral. Há também canções individuais, sem parcerias. Uma delas intitula-se 21. A música que Geraldo Azevedo compôs para o centenário do Clube 21 de Setembro e que desaguaria no segundo álbum que compartilha com um parceiro. O primeiro foi há 40 anos, com Alceu Valença, estréia dos dois em disco, e que promove este imprevisível surgimento de um autor inédito.

Tão imprevisível quanto sua criação é o destino do álbum. A distribuição é da Biscoito Fino, mas para chegar junto do público um disco precisa ser alavancado com shows, e lançamentos. Geraldo Azevedo diz que esta parte da historia fica por conta de Assunção de Maria. Este, por sua vez, diz que quem vai decidir seu destino é o próprio disco: “Não tenho pressa, vamos esperar para ver no que, não tenho ânsia pela celebridade. De repente, posso estar no palco com Geraldo, não sei, vamos deixar que o tempo decida” 

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