No verão de 2003 para 2004, um grupo de artistas insatisfeitos com a situação dos cinemas abandonados de Olinda desceu as ladeiras, se reuniu e organizou eventos em prol do Duarte Coelho – alguns até dentro dele. A cantora Catarina Dee Jah pertencia ao grupo que decidiu se mobilizar para tentar fazer reviver o espaço. “A gente passou a ocupar o cinema com exposições, filmes e shows. Mas no final das contas, a prefeitura interveio e disse que o local não estava seguro para que promovêssemos eventos”, relembra.
Seu irmão, Paulinho do Amparo, também tomou a frente da ocupação na época. “Fizemos uma performance no Arte em Toda Parte daquele ano para chamar atenção para o abandono do cinema. Colocamos uma faixa colorida que ia do Mercado Eufrásio Barbosa até o Duarte Colho. Mas não adiantou de nada. Fizemos vários movimentos, a prefeitura dizia que nos apoiava, mas, ao mesmo tempo, a secretária jurídica puxava o tapete”, diz. “No caso da festa de ocupação, chegamos até a derrubar o revestimento que estava podre para não correr risco. Quer dizer, ainda prestamos serviço!”
Foi um verão inteiro de tentativas e ocupações. Alguns anos mais tarde, em 2008, o cineasta Jura Capela organizou a festa Sapo Cururu, no Cine Olinda. Na mesma época, o cineasta se apropriou de uma lenda em torno do cinema – a de que uma cabeça de burra estaria enterrada no local. “Fizemos uma performance desenterrando uma cabeça de burra e jogamos no mar, simbolicamente.”
“Vamos ficar de olho agora nessa grana do PAC”, diz Catarina. “É muito revoltante a situação do Duarte Coelho. Seria talvez até melhor demolir e transformar me um parque”, radicaliza Paulinho. Para ele, é necessário que a população cobre as mudanças e valorize os locais não apenas como parte da história do município, mas também como espaços vivos de produção cultural.