A história arquitetônica das salas de exibição da capital pernambucana é contada no livro Cinemas do Recife, da arquiteta Kate Saraiva. Lançada ontem, a obra é uma versão atualizada do Trabalho de Conclusão de Curso de Kate, de 2002.
A demora para revisitar o trabalho e incrementá-lo com fotos e informações se deu por falta de recursos e meios para publicar o livro. “Eu sabia do potencial da minha pesquisa e meus amigos diziam para tentar algum edital. Me inscrevi no Funcultura de 2012 e fui aprovada”, conta a arquiteta.
Durante essa década, Kate continuou pesquisando sobre o assunto e colecionando material. Os cinemas Duarte Coelho e Olinda são registrados no livro – integrando o rol das exceções dos locais que não se encontram localizados no Recife.
O Cine Olinda surge como expoente de um estilo inovador em relação à arquitetura da fachada. A mudança faz parte da reforma ocorrida no início da década de 1930, no Cinema Moderno. O volume da cabine aparece em destaque e pilastras delimitam a frente do local. “Ainda na década de 1930, e posteriormente na de 1940, alguns cinemas apresentavam outras novidades na composição (...) fachadas assimétricas e eliminação de ornatos”, descreve Kate no livro, referindo-se ao Duarte Coelho.
Cinemas do Recife é dividido em sete capítulos. O primeiro retoma a história da cinematografia pernambucana da capital, enquanto os outros esmiúçam mais as questões arquitetônicas – fachadas, plantas e sistemas construtivos. Contudo, o livro não se atrela apenas a análises da arquitetura, resgatando também, por exemplo, o problema diagnosticado por Paulinho do Amparo: o da desvalorização dos cinemas de rua por parte da população.
A triste decadência dos cinemas de rua começou devagar, nos anos 1960, com a popularização da televisão. “Mais tarde, já na década de 1980, a maioria dos cinemas de rua começou a fechar por causa das salas em shoppings. Por uma questão de mercado restrito, os cinemas de rua passaram a exibir filmes de sexo explícito e perderam clientela.”