Houve uma tentativa recente de facilitar o acesso da população a livros. Era o Programa do Livro Popular. Ele até saiu do papel, mas por mudanças na direção da Fundação Biblioteca Nacional e por problemas de operacionalização, ele foi logo suspenso. Agora com o Vale Cultura, é feita uma nova tentativa de ampliar o acesso não só ao livro, mas a diversos produtos culturais. Os mercados editorial e livreiro voltam a se animar, e começam a se preparar para a competição.
Nesta terça-feira, 11, a ministra da Cultura Marta Suplicy estará na livraria Saraiva do Shopping Eldorado para fazer a entrega simbólica do cartão a funcionários da rede, num evento que vai contar com a presença de outros livreiros, vendedores, distribuidores e editores, além de associações ligadas ao livro. Será na Saraiva não porque é maior rede de livrarias do País, com 112 lojas que já aceitam o Vale Cultura, mas porque desde fevereiro ela oferece o benefício (R$ 50 por mês) a seus funcionários que ganham até cinco salários mínimos para eles comprarem livros, discos, filmes, fotografias, gravuras, peças de arte (o crédito pode ser acumulado). Eles também podem fazer cursos em diversas áreas culturais, ir a peças de teatro, shows, concertos, cinema, museu, circo, etc.
Pelas contas do MinC, 160 mil pessoas já estão usando o cartão. Outras 350 mil devem recebê-lo nos próximos dias. “A meta é chegar a 860 mil pessoas este ano, o que é uma injeção fantástica de recursos na produção cultural. O impacto pode chegar a R$ 516 milhões”, disse Marta Suplicy em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S.Paulo na segunda-feira, 10, em São Paulo. Ela completa: “Se essas pessoas comprarem um livro por mês, serão mais de 10 milhões de exemplares anuais. É um crescimento de 5% com relação ao que se vende hoje no Brasil.”
A questão é que o livro concorre com vários outros produtos, e num futuro, diz Suplicy, a lista pode ser ampliada com games e tevê por assinatura, por exemplo. Atrair esse contingente de novos consumidores para as livrarias será um desafio, diz Karine Pansa, presidente da Câmara Brasileira do Livro. “Caberá aos setores trabalharem de modo proativo para cativar o público. Um bom momento para colocar em prática a criatividade será na Bienal do Livro, em agosto. O Vale Cultura poderá ser usado na compra de ingressos e de livros.” Na opinião de Ednilson Xavier, presidente da Associação Nacional de Livrarias, o esforço deve ser conjunto no sentido de dar “maior visibilidade à importância da leitura junto ao cidadão”. Profissionais que vendem porta a porta e por telefone devem começar a aceitar o vale em breve, diz Diego Drumond, presidente da Associação Brasileira de Difusão do Livro.
A Livraria Cultura e a Saraiva já aceitam desde janeiro, e os resultados, apesar de secretos, são animadores. “Para um primeiro mês, o resultado foi muito, muito bom”, diz Jorge Saraiva Neto, diretor-presidente do grupo. Nos próximos dias, a rede também aceitará o vale para compras on-line.