Lenine emprega o elemento Carbono na alquimia do novo disco

Ele agregou novos parceiros tanto para o som, quanto para as canções
JOSÉ TELES
Publicado em 27/04/2015 às 7:48
Ele agregou novos parceiros tanto para o som, quanto para as canções Foto: Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem


Cromatografia, define o Aurélio é a "técnica para separação dos componentes de uma mistura fluida, geralmente líquida ou gasosa, e que se baseia na adsorção ou partição seletivas de cada um desses componentes por duas fases imiscíveis em contato, uma das quais estacionária e a outra, móvel". Anos depois de formado em Química, com estágio em análise cromatográfica, Lenine aplicou os conhecimentos que pouco usara até então em Carbono, álbum que será lançado dia 30, em São Paulo, com show, no Sesc Pinheiros (distribuição Universal Music). Ele inicia um novo projeto, quase emendando com a turnê de Chão, seu disco anterior, de 2011: "Foram três anos de Chão. Quando a gente começou não imaginava que renderia tanto. Um projeto difícil de chegar a todos os lugares, pelo formato, quadrafônico, mas praticamente tive que abandonar Chão para poder fazer Carbono", diz Lenine, em entrevista por telefone.

Ainda a química e a definição do para Alotropia: "Fenômeno que consiste em poder um elemento químico cristalizar em mais de um sistema cristalino e ter, por isso, diferentes propriedades físicas". Lenine acrescenta: "O carbono detém esta propriedade de poder chegar à leveza do grafite e à dureza do diamante. Todas as canções do disco foram feitas sob a égide do carbono", reforça ele. Não apenas as canções, a capa completa o todo. Assinada por José Carlos Lollo, que também é responsável pelos desenhos do musical Cambaio, de Chico Buarque e Edu Lobo, durante o qual se conheceram. A capa do álbum é um desenho à lápis de Lollo.

As onze faixas do álbum compostas com parceiros contumazes, Lula Queiroga (O universo na cabeça do alfinete), Dudu Falcão (Simples assim), Carlos Rennó (Quede água, À meia­noite dos tambores silenciosos). Ficaram de fora do álbum os paraibanos Braulio Tavares e Ivan Santos. Ao mesmo tempo inaugura parcerias, com Marco Polo (do Ave Sangria), com parte do Nação Zumbi (Pupillo, Dengue, Lúcio Maia e Jorge Du Peixe), Carlos Posada (O Clã) e Vinicius Calderoni. Marco Polo e os músicos da Nação eram as parcerias anunciadas. Sua concretização dependia apenas do momento certo: "Marco Polo é uma admiração antiga minha. Ele Já havia me mandado textos inéditos, quando pensei no Carbono, lembrei de um texto dele, pedi permissão para mexer no texto, assim nasceu Grafite diamante". Com Pupillo, Dengue, Lúcio e du Peixe surgiu Cupim de ferro: "A gente estava se devendo, e a parceria surgiu pelo tema que me ocorreu. Eu tinha o tema, o refrão e a primeira parte da letra. Perguntei a Pupillo como era o esquema deles de criação. Ele me disse que fazia uma levada, o pessoal desenvolvia e Jorge du Peixe terminava a letra. Ele terminou". Com João Cavalcanti, o primogênito, ele escreveu A causa e o pó, em cuja letra fica explicita temática do álbum: "Do ser ao pó/ é só carbono", versos do refrão.

O outro filho, Bruno Giorgi, mais uma vez está na produção. Ambos, Bruno e João, juntam­se ao genitor nas harmonias vocais: "Uso uma maneira de dobrar a voz geneticamente. Todos meus coros faço com eles, soa como se fosse apenas eu", revela. Voltando a reunir também os músicos com quem toca há anos, alguns dos quais ficaram fora de Chão.Pantico Rocha e Guila: "Eles já sabiam que naquele disco não haveria nem percussão, nem bateria. Eles sabiam desta confiança e fidelidade. Quando comecei a esboçar o disco já sabia em que música eles estariam", comenta Lenine, que sela a alta fidelidade na faixa que encerra Carbono, um instrumental intitulado Undo, também homenagem ao produtor Tom Capone (o brasiliense Luís Antônio Ferreira Gonçalves, 1966/2004): "A música foi criada na hora, no estúdio em que Tom trabalhava, Toca do Bandido".

Alem destes, estão no disco músicos que comungam de afinidadescom a música de Lenine: Marcos Suzano (com quem dividiu o antológico Olho de Peixe, em 1993), Carlos Malta parceiros em vários projetos, a belga Martin Fondse Orchestra, e baiana Orkestra Rumpilezz, do maestro Letieris leite, porfim, mas não menos importante, o violeiro Ricardo Vignini que, com o Matuto Moderno, vem promovendo uma renoção na música caipira.

Carbono é um dos discos mais atípicos entre os discos solo de Lenine, que já abandonou trabalhos concluídos para começar um novo projeto inteiramente diferente. Neste álbum não apenas isto não aconteceu, como as canções foram todas criadas para se abrigarem sob o mesmo conceito: "Na base de tudo veio o questionamento. Estou fazendo um disco de inéditas. Tem que acontecer no tempo certo, contar este momento. Teve alguns discos que a gente recorreu a músicas que não foram aproveitadas e estão na gaveta. Em Carbono fizemos o número exato", diz Lenine. Depois de por em prática a química, ele vai exercitar a física. O show do lançamento oficial do disco, será também a estreia da nova turnê.

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