O presidente do Equador, Rafael Correa, apoiou nesta quarta-feira uma campanha para desencorajar Brad Pitt a produzir um filme sobre uma suposta fraude judicial envolvendo a petroleira Chevron, condenada por danos ambientais na Amazônia, e convidou o ator a visitar a área afetada.
"Estou certo de que, quando ele conhecer toda a verdade, vai se recusar a participar desta farsa onde a Chevron é a vítima e as vítimas são os responsáveis. Então, é claro que apoiamos esta campanha", afirmou Correa durante encontro com a imprensa internacional em Quito.
O presidente disse que o governo não está diretamente envolvido na campanha pública lançada pela página change.org, com o objetivo de dissuadir a estrela de Hollywood.
Com a hashtag #BradDoTheRightThing ("Brad faça a coisa certa", em inglês), esta iniciativa procura reunir apoio para evitar que Pitt, eventualmente, produza um filme baseado no livro A lei da selva, de Paul Barrett.
Em uma carta pública, organizações equatorianas salientam que a Plan B, produtora de Pitt, comprou os direitos do livro com a versão da Chevron, "supostamente com a intenção de transformá-lo em um filme".
Nem a Chevron, nem o ator ou sua produtora se pronunciaram a respeito.
Correa fez um chamado aberto para que Pitt não produza um filme com a versão da Chevron e que, ao contrário, viaje para a Amazônia equatoriana para observar os danos causados pela petrolífera norte-americana.
"Fiz um convite público para que Brad Pitt visite a selva amazônica e coloque as mãos nas lagoas deixadas pela Chevron", lembrou.
O ator e diretor Brad Pitt, em Beverly Hills, no dia 9 de janeiro de 2015
Em 2013, os tribunais equatorianos condenaram a empresa a pagar 9,5 bilhões em indenização pela poluição ambiental atribuída à Texaco, comprada pela Chevron em 2001.
A Chevron acusa a sentença de fraudulenta e ilegítima e se recusa a cumprir a decisão. A ação foi ajuizada há duas décadas pelos moradores indígenas da Amazônia, que alegam graves danos à saúde e para o ambiente, devido à atividade desenvolvida pela Texaco entre 1960 e 1990.
A Chevron, que não tem ativos significativos no Equador, argumenta que a Texaco pagou indenizações justas e que o dano foi causado pela Petroecuador, com a qual sua filial operou em consórcio.
Ao mesmo tempo, a empresa tenta em instâncias internacionais que o Equador seja obrigado a pagar uma indenização de 9,5 bilhões de dólares