PARIS - Quase ano depois dos atentados que dizimaram sua redação em Paris, no dia 7 de janeiro, o semanário satírico francês Charlie Hebdo publicará no dia 6 um número especial, com uma tiragem de quase um milhão de exemplares, informou nesta quarta-feira sua direção.
Este número duplo - 32 páginas em vez de 16 - vendido ao preço habitual de 3 euros, contará com um caderno de caricaturas de Charb, Honoré, Cabu, Wolinski, Tignous, os cartunistas assassinados em 7 de janeiro por dois extremistas, e com desenhos atuais e mensagens apoio de personalidades.
Um total de 110 jornalistas foram mortos em todo o mundo em 2015, informou a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) nesta terça-feira, destacando que a maioria foi vitimada por causa de seu trabalho em países supostamente pacíficos.
A lista dos países mais perigosos para os jornalistas em 2015 é liderada pelo Iraque (11 assassinados) e Síria (10), seguidos pela França, com oito mortos, ocupando o terceiro lugar por causa do ataque contra a revista satírica Charlie Hebdo há quase um ano.
Sessenta e sete jornalistas foram mortos enquanto trabalhavam e outros 43 morreram em circunstâncias ainda não determinadas, segundo o grupo em seu relatório anual. Mais 27 cidadãos que atuavam como jornalistas não profissionais e 7 funcionários de outras mídias também foram mortos
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Em 2014, dois terços dos jornalistas foram mortos em zonas de guerra, mas em 2015, ocorreu o exato oposto: dois terços foram mortos em países supostamente pacíficos, sem ocorrência de conflitos. Com oito jornalistas assassinados em 2015, o México foi o país da América Latina mais perigoso para a profissão, onde foram registrados 67 profissionais da informação mortos.
"Esta preocupante situação pode ser imputada à uma violência deliberada contra os jornalistas e coloca em evidência o fracasso das iniciativas destinadas a protegê-los", afirma a organização.
A RSF lista os "abusos que marcaram o ano", a começar pelo atentado em 7 de janeiro contra a Charlie Hebdo, mas também o assassinato "encenado" pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI) do jornalista japonês Kenji Goto, em 31 de janeiro.