"Temos fome de informação. Na imagem do Josué (de Castro), somos caranguejo com cérebro, como os pescadores que ele descreve no livro Homens e Caranguejos. Eles pescam e comem caranguejos para depois excretálos num ciclo caótico. Fazemos uma música caótica". A explicação é de Chico Science aos questionamentos do crítico Luiz Antônio Giron, da Folha de S. Paulo, em março de 1994, no lançamento do álbum Da Lama Aos Caos.
A reação de Giron é de quem mora na maior metrópole da América Latina e não consegue situar a música da CSNZ no universo pop/rock da época: "O fim do folclore se aproxima. Mas o cantor e compositor Chico Science pensa estar salvando o coco, a embolada, o pastoril e o maracatu gêneros de sua terra ao juntálos com guitarra elétrica". A perplexidade e desconfiança do jornalista era justificável. Na terra natal de Chico Science aquela música nunca foi inteiramente assimilada. Muita gente pensava como Giron a respeito do folclore, no entanto, ele continuava muito vivo na periferia do Recife, Olinda e Zona da Mata. Francisco de Assis França, que hoje completaria 50 anos, morou a maior parte dos seus 32 anos de vida em Rio Doce, Olinda (faleceu em 2 de fevereiro de 1997).
Chico Science chega a ser didático na tentativa de explicar sua música ao jornalista Luís Cláudio Garrido, do Jornal A Tarde, de Salvador. Nada diferenciava Chico França dos outros rapazes com quem andava. Comungava com eles do gosto pelo rock e música negra americana. A banda paulistana Ira! era a predileta deles. À medida que suas amizades extrapolaram o bairro de Rio Doce, em Olinda, seus gostos foram mudando, como mudava a música naquela época. O som que fazia na Orla Orbe, com os amigos de Rio Doce, não era o mesmo que fez com o Bom Tom Radio, com Mabuse e Jorge du Peixe e que faria, depois, com a Nação Zumbi.