A produção cultural de Pernambuco é pulsante e ecoa nacionalmente. Ainda assim, quando se pensa nos representantes da música local, quase sempre vêm à cabeça nomes masculinos. Isso não deixa de ser reflexo de uma cultura que perpetua a invisibilidade da arte feita por mulheres. No entanto, a cena contemporânea das artistas do Estado não quer – e nem vai – ser ignorada. Reflexo disso é o show A Dita Curva, que reúne um expressivo número de criadoras, neste sábado (13), às 20h, no Teatro Luiz Mendonça.
Nascido de um convite feito a Flaira Ferro para criar um projeto para o 24º Janeiro de Grandes Espetáculos, o show reúne dez artistas, entre cantoras e poetas, em um movimento de sororidade e reconhecimento de uma cena cada vez mais fortalecida. Além de Flaira, estão presentes Aninha Martins, Aishá Lourenço, Isaar, Isadora Melo, Sofia Freire, Luna Vitrolira, Laís de Assis, Paula Bujes e Ylana Queiroga.
“Existe um pulsar na cidade, uma inspiração, que acho que tá pegando todo mundo que cria, faz arte. Vejo muitas pessoas fazendo coisas incríveis e inovadoras, como há muito tempo não via. E aí tem uma cena linda de artistas daqui fazendo música, dançando, fazendo poesia e se admirando. O show é um experimento de um olhar feminino, diferente do que estamos acostumadas”, afirmou Isadora Melo em entrevista à TV JC, quinta-feira (11).
A apresentação mistura música e poesia e dá espaço igualitário ao trabalho de todas as artistas envolvidas, costurados de forma fluida, sem pausas, através de poesias e música instrumental ao som de violino, percussão, violão, viola e teclado. Todas as obras são autorais e haverá momentos solo, em grupo, duos e quarteto.
“Flaira viu que todas nós nos atravessamos de alguma forma. Muita gente ainda pergunta: cadê as mulheres? A gente sempre esteve aqui”, afirmou Luna Vitrolira.
Para Isadora Melo, há alguns elementos que são compartilhados pelos trabalhos das artistas, como a ancestralidade do sagrado feminino, de tentativa de autoconhecimento e resistência ante um ambiente machista e misógino.
“Quando se fala de mulher, da energia do feminino, se fala de criação. Quando se junta dez mulheres com seu poder criativo pulsando, se dando a mão e se respeitando, é um processo terapêutico”, reforçou Ylana Queiroga.