O artista plástico Francisco Brennand, que faleceu nesta quinta-feira (19), aos 92 anos, era um dos últimos grandes artista a terceira geração do Modernismo Pernambucano, ao lado de Teresa Costa Rego, José Cláudio, João Câmara e Raul Córdula. Profundo conhecedor da história da arte, costumava refletir sobre estética e fazer artístico em seus diários e nas longas entrevistas que concedia, com generosidade.
Uma dessas oportunidades ocorreu durante a realização do especial Pernambuco Modernista, publicado pelo Jornal do Commercio. Em conversa com o jornalista e crítico de arte Bruno Albertim, ele reconhecia as dificuldades e limitações decorrentes da idade. Com sabedoria e humor, ele encarava a realidade.
"Há uma frase de Picasso curiosíssima. Ele dizia ‘O que me salva é o fato de eu cada vez fazer pior’. E eu estou fazendo, sim, cada vez pior. Como estou tremendo cada vez mais, e não vou parar, tiro proveito disso. Para a minha salvação, eu enfrento a tela com tremedeira e sem temor”, afirmou o artista.
Brennand reconhecia a influência da Escola de Paris, onde estudou, principalmente da trindade formada por Gauguin, Cézanne e Van Gogh. “Minha arte é moderna. Moderníssima, no sentido de que ela contraria todos os cânones da arte contemporânea. E ela se refere sempre a uma ancestralidade, a uns arcaísmos e, sobretudo, a arquétipos. Então, neste momento, eu permaneço moderno e propositadamente antigo."
Para o ermitão da Várzea, a arte contemporânea pode até muitas vezes não usar de meios tradicionais, como pinciel, tela e tinta, por exemplo, mas o artista, em sua essência, continua o mesmo. " É aquilo que a Bíblia chama de o velho homem: o futuro tem um coração antigo. Esse coração não pode ser modificado, sob pena de você deixar de ser humano”.
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