Dólar em alta e desemprego aumentam procura por trabalho em navios

Setor gerou 2.481 postos de trabalho no País na temporada 2014/2015
Do JC Online
Publicado em 14/12/2015 às 10:33
Setor gerou 2.481 postos de trabalho no País na temporada 2014/2015 Foto: Foto: Costa Cruzeiros/ Divulgação


A nova temporada nacional de cruzeiros começou em novembro, atraindo, além de turistas, muita gente interessada em iniciar uma carreira no mar. Mais que a vantagem de conhecer lugares e aproveitar a estrutura dos navios, o aumento do desemprego e a alta do dólar são fatores novos que estimulam a vontade de fazer parte de uma tripulação. Mas trabalhar embarcado exige uma série de qualificações, independentemente da função desejada. Com o aumento da concorrência, é preciso se capacitar e preparar bem para conquistar uma vaga. Para quem vai começar do zero, a oportunidade pode estar na próxima temporada, a internacional, que começa a recrutar em fevereiro.

Segundo um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), encomendado pela Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar), a temporada 2014/2015 gerou 2.481 postos de trabalho em dez navios que circularam pelo País entre os meses de novembro e maio. Se forem consideradas também as vagas abertas pelo setor em terra, o número sobe para 32.722. O total sofreu uma redução de 10% nos trabalhos gerados na temporada 2013/2014. Para a temporada 2015/2016, a previsão da Abremar é que sejam criadas 2.326 vagas para brasileiros. 

O primeiro pré-requisito para trabalhar em um navio – em qualquer área – é ter feito um Curso Básico de Segurança de Navio (CBSN, ou STCW, na sigla em inglês). A capacitação inclui técnicas de combate a incêndio, sobrevivência no mar, controle de multidão e combate ao terrorismo, por exemplo. Além disso, o candidato precisa falar inglês em níveis que vão variar de acordo com a função desejada (veja na ilustração abaixo) e ter as habilidades exigidas em cada área.

“A procura por esse mercado de trabalho é muito volátil. Como estamos em um período de maior desemprego e alta do dólar, e os salários são pagos em dólar, mais pessoas se interessam”, analisa o gerente geral da Seaman Náutica, empresa de capacitação e recrutamento para cruzeiros, Vladimir Guimarães. O CBSN é promovido pela instituição ao menos uma vez por mês com carga horária de 40 horas aula por R$ 1.400. 

“Normalmente são feitas duas entrevistas durante o recrutamento. A primeira pela agência e a segunda pelo recrutador da própria empresa do navio. Todo o processo para tirar documentação, fazer as entrevistas até começar a trabalhar dura, em média, três meses”, explica Guimarães. Por isso, quem ainda for começar esse processo deve estar com tudo pronto no início das contratações para a próxima temporada. Cada contrato dura, em média, de seis a nove meses.

Para se candidatar é preciso ter no mínimo 18 anos, mas a maoria das companhias procura pessoas de 21 a 35 anos e abertas a novas experiências. Esse é o caso da professora de inglês Regina Nogueira, 29 anos, que está concluindo o curso de CBSN. “Tenho muitos amigos que trabalham embarcados há anos e sempre relatavam a experiência. Só que o fato de estar trabalhando, ter que abandonar o emprego, me fazia adiar esse plano. Como fui demitida em setembro, decidi aproveitar o momento”, conta. 

Sua expectativa é usar a experiência no navio para valorizar seu currículo e juntar dinheiro, aproveitando o dólar em alta. Como tem fluência no inglês – a maior exigência das empresas –, ela deve levar vantagem durante o processo de seleção. Seu objetivo é conquistar uma vaga na recepção, área de vendas ou restaurante.

A Costa Cruzeiros espera contratar 900 novos tripulantes na temporada já iniciada (2015/2016). Apenas neste ano foram fechados contratos de 1.200 brasileiros. Para se candidatar a uma vaga da empresa é preciso se cadastrar através do site de recrutamento em uma das agências autorizadas a trabalhar com a companhia.

 

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