O ex-ministro e ex-embaixador Rubens Ricupero afirmou nesta quinta-feira (19) que, se o Mercosul funcionasse, o problema do contrabando estaria resolvido. A declaração foi dada na abertura do segundo dia do "Fórum o Contrabando no Brasil", promovido pela Folha de S.Paulo, em uma palestra sobre medidas diplomáticas que podem reduzir o contrabando e o descaminho.
O ex-ministro se concentrou no caso que julga mais grave, que é a relação com o Paraguai. Hoje, dois terços do contrabando que entra no Brasil é de cigarros, quase todos paraguaios. Para Ricupero, é preciso, além da repressão ao crime, criar uma agenda positiva que incentive a colaboração dos países vizinhos no combate à prática.
Para isso, Ricupero propõe um fortalecimento das alianças do Mercosul e uma integração das cadeias produtivas dos dois países. "Se o Mercosul funcionasse como foi pensado, esse problema [o contrabando] deixaria de existir porque os mercados seriam comuns, não teríamos que controlar as fronteiras do modo como fazemos hoje", diz.
Segundo Ricupero, países menores como Paraguai e Uruguai nunca encontraram nos parceiros mais fortes da América Latina condições de se desenvolver licitamente.
"É do nosso interesse desenvolver o Paraguai. Nossa balança comercial em relação a esse vizinho é extremamente vantajosa para o Brasil. Dos US$ 4,4 bilhões que transitaram entre lá e cá nos últimos anos, o Brasil exportou US$ 3,1 bilhões e só importou US$ 1,2 bilhão, sendo que boa parte desse consumo foi em produtos de empresas brasileiras alocadas por lá", explica o ex-ministro.