Dólar fecha acima de R$ 3 com dados de auxílio-desemprego nos EUA

Das 24 principais moedas emergentes, apenas sete se valorizaram em relação ao dólar. O real liderou as desvalorizações
Folhapress
Publicado em 30/04/2015 às 20:55
Das 24 principais moedas emergentes, apenas sete se valorizaram em relação ao dólar. O real liderou as desvalorizações Foto: Foto: Marcos Santos/ USP Imagens


O dólar fechou acima de R$ 3 nesta quinta-feira (30) após os novos pedidos de seguro-desemprego nos EUA alcançarem o menor patamar desde 2000. Também contribuiu para a alta da moeda americana o resultado ruim do setor público brasileiro no primeiro trimestre, com a menor economia para reduzir a dívida pública desde 2009.

Das 24 principais moedas emergentes, apenas sete se valorizaram em relação ao dólar. O real liderou as desvalorizações.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em alta de 2,28%, para R$ 3,008. No mês, a moeda acumulou desvalorização de 6,09%, mas no ano o dólar ainda sobe 13,6%.

O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, avançou 1,82%, para R$ 3,013. Em abril, o dólar fechou com queda de 5,6%, enquanto em 2015 o dólar comercial tem valorização de 13,2%.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou com alta de 1,63%, para 56.229 pontos. Destaque para as ações da Vale, que conseguiram fechar em alta, mesmo com nova desvalorização nos preços do minério de ferro e após a mineradora registrar o terceiro trimestre seguido de perdas.

Nos EUA, os novos pedidos de auxílio-desemprego caíram em 34 mil, para 262 mil, segundo números ajustados sazonalmente, na semana encerrada em 25 de abril. Foi a menor leitura desde abril de 2000, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira (30).

O dado indica que a desaceleração registrada em março no crescimento do emprego nos EUA foi pontual, na avaliação de analistas.

O número de pedidos da semana anterior foi revisado para mostrar 1.000 pedidos a mais do que o informado anteriormente. Foi o oitavo mês consecutivo em que os pedidos de auxílio-desemprego ficaram abaixo da marca de 300 mil, o que normalmente é associado a um fortalecimento do mercado de trabalho americano.

O mercado de trabalho é um dos fatores analisados pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano) para determinar sua política monetária.

"Os indicadores americanos vinham desapontando nas últimas semanas. Mas o Fed se mantém otimista para os próximos meses e o dado de auxílio-desemprego mostra que a economia americana pode estar se recuperando do inverno rigoroso que enfrentou", afirma Maurício Nakahodo, economista do Banco de Tokyo-Mitsubishi.

Uma melhora na criação de vagas pode fazer com que o banco central americano eleve os juros que servem como base para remuneração de títulos públicos já em setembro. Algumas estimativas apontavam que o Fed só elevaria as taxas em 2016, aguardando uma evolução mais consistente da economia americana.

Caso aumente os juros, os investidores poderiam retirar o dinheiro de países emergentes, como o Brasil, e aplicar nos títulos americanos, considerados mais seguros. Com a perspectiva de maior saída de dólares na economia brasileira, a cotação da moeda sobe.

SUPERAVIT

O dado ruim das contas do setor público do Brasil também pressionou a moeda americana nesta quinta-feira (30). A economia do setor público para reduzir a dívida pública foi de R$ 19 bilhões no primeiro trimestre de 2015, segundo o Banco Central, uma queda de 26% em relação ao mesmo período do ano passado.

Em termos nominais, esse é o menor valor desde 2009. A meta de economia para o ano é de R$ 66,3 bilhões.

"Os números mostram o tamanho do esforço que deverá ser feito se o Ministério da Fazenda quiser realmente entregar o superavit de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto)", afirma Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.

"Se o governo tiver que colocar a casa em ordem, com a atividade econômica mais fraca, acho difícil conseguir o superavit de 1,2%. Trabalhamos com cenário de superavit de 0,7%. Mas se esse número for alcançado, não será ruim, pois mostra que a casa está sendo colocada em ordem", destaca.

No último dia do mês a moeda costuma apresentar oscilação entre altas e baixas por causa da briga entre investidores pela cotação que vai vigorar nos contratos futuros de dólar (que equivalem a uma compra ou venda futura da divisa).

Todo contrato futuro de dólar vence no primeiro dia útil do mês e usa a Ptax do mês anterior para fazer a correção da diferença em relação à taxa do contrato.

BOLSA

As ações da Vale, que abriram em baixa, conseguiram fechar em alta. Para Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Corretora, o câmbio e a queda do minério de ferro nos três primeiros meses do ano contribuíram para o resultado ruim da mineradora.

Os papéis preferenciais da Vale subiram 6,2%, para R$ 18,15, enquanto os ordinários fecharam em alta de 7,3%, para R$ 22,65.

Os papéis da Petrobras subiram nesta quinta, após o anúncio da nova composição do Conselho de Administração da estatal. Os acionistas aprovaram a indicação do governo do presidente-executivo da mineradora Vale, Murilo Ferreira, para presidir o Conselho.

"A mudança traz credibilidade ao que está sendo feito na estatal. Para melhorar, a empresa precisa de fatores fundamentalistas positivos, como entregar uma redução de sua dívida, aumentar sua produção. Isso tudo traz perspectivas melhores para o papel", avalia Cardoso.

As ações preferenciais -mais negociadas e sem direito a voto- subiram 1,79%, para R$ 13,05. Os papéis ordinários -com direito a voto- tiveram valorização de 3,79%, para R$ 14,25.

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