Entenda como a crise na China também mexe com você

Produtos chineses mais baratos, dólar em alta e ameaças a grandes e pequenos investidores estão entre os reflexos da desaceleração do dragão asiático
Emídia Felipe
Publicado em 08/01/2016 às 15:08
Produtos chineses mais baratos, dólar em alta e ameaças a grandes e pequenos investidores estão entre os reflexos da desaceleração do dragão asiático Foto: Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem


RECIFE E SÃO PAULO – Enquanto o mercado financeiro continua sofrendo com os efeitos da desaceleração da economia chinesa – que tem derrubado bolsas e assombrando investidores mundo afora – especialistas chamam a atenção para os reflexos no cotidiano do brasileiro. Os preços dos produtos chineses que circulam aqui devem baixar, assim como o de commodities como soja e carne. Por outro lado, com a China comprando menos do Brasil e a moeda deles desvalorizada, grandes empresas vão perder com as exportações e podem entrar em dificuldades e acentuar a nossa recessão.

Além da suspensão do circuit braker, a tensão levou o banco central chinês a desvalorizar o yuan em 0,51% ontem, visando fortalecer os exportadores. Presidente da Twenty Six Trading, Alex Brenneken, explica que o enfraquecimento do yuan frente ao dólar deve, num futuro próximo, facilitar a importação pelos brasileiros. “Os produtos ‘made in China’, que já fazem parte do dia a dia de todo mundo, vão ficar mais baratos. As pessoas sentirão isso principalmente se as indústrias que importam de lá repassarem esse ganho”, comenta Brenneken. Ele acrescenta que essa mudança deverá ser mais sentida no setor de eletrônicos. “São itens desenvolvidos em diversos países, mas fabricados na China”, lembra.

Analista da Toro Radar, Márcio Placedino lembra que, se por um lado as importações da China podem ceder, as demais tendem a encarecer. “As pessoas comuns podem ser afetadas em seu poder de consumo. O cenário de insegurança pode desencadear a valorização do dólar, gerando aumento no preço para importados ou que tenham em sua composição matéria-prima importada”, observa Placedino.

Atualmente, o país asiático é o segundo maior parceiro comercial do Brasil e essa inversão enfraquece grandes empresas brasileiras que vendem commodities para os chineses. “No caso das commodities alimentícias, a tendência é que essas companhias se voltem para o mercado interno e, com dificuldades, vendam mais barato”, opina o sócio da Multinvest, Thiago Onofre.

INVESTIMENTOS - Em relação ao mercado financeiro, mesmo quem não tem investimentos relacionados à China precisa estar atento. “Para alguns investidores que já estão posicionados, este cenário pode gerar stress, pois eles sentirão o impacto da desvalorização diretamente em seu patrimônio em ações, influenciado pela queda do mercado como um todo”, diz Placedino. Para os analistas, mesmo os mais conservadores que apostam em renda fixa, há o “risco de contágio”. “As taxas de juros de produtos como o Tesouro Direto oscilam muito nestes momentos”, complementa Placedino. Onofre complementa orientando mais cautela ao pequeno investidor: “Esse é a hora para manter uma posição sóbria, sem correr muito risco, dando preferência para taxas pós-fixadas”.

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