O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta quarta-feira (17) uma desvalorização de 37% do bolívar reservada à importação de alimentos e medicamentos, que passará de 6,3 a 10 bolívares por dólar.
"O sistema de câmbio que vamos simplificar em duas faixas, a faixa do sistema de câmbio protegido que começa amanhã, de 6,30 a 10 bolívares", e outra, que será "flutuante" e que até agora era de 200 bolívares por dólar, destacou Maduro, ao anunciar uma série de medidas econômicas, entre elas o aumento do preço da gasolina pela primeira vez em 20 anos.
O novo regime cambiário passa de três a duas taxas de câmbio, ao eliminar a de 13,5 bolívares por dólar, usada para algumas matérias-primas e insumos industriais.
O país com as maiores reservas petroleiras do mundo, altamente dependente de importações, sofre com uma seca de dólares, agravada pela queda nos preços do petróleo, fonte de 96% de suas divisas.
Economistas independentes atribuem a falta de acesso a divisas ao regime de controle do câmbio adotado pelo governo (1999-2013) do falecido Hugo Chávez em 2003, que Maduro reconheceu nesta quarta-feira que está "esgotado".
Maduro anunciou, ainda, o aumento da até então gasolina mais barata do mundo, ao passar de 0,01 dólar o litro (à antiga taxa de 6,3 bolívares por dólar) para 0,6 dólar com a desvalorização desta quarta-feira.
Além disso, anunciou um aumento de 20% no salário mínimo, que passará de 9.600 para 11.520 bolívares (1.152 dólares na nova taxa oficial mais baixa e 11,5 dólar no valor da divisa no mercado paralelo.
A Venezuela sofre uma profunda crise econômica, com inflação de 141,5% ao ano em setembro de 2015 (oficial), uma contração econômica que foi de quase 7% no ano passado e um déficit público que atingiu 20%, em uma conjuntura adversa, afetada pela queda nos preços do petróleo, atualmente abaixo dos 30 dólares o barril.