Atualizada às 11h07
A gigante holandesa do setor de cerveja Heineken anunciou no domingo à noite que rejeitou a oferta de compra da concorrente britânica SABMiller, da qual não revelou o valor.
A oferta apresentada pela SABMiller tinha por objetivo se proteger da concorrência do grupo belga-brasileiro AB InBev, líder mundial. A AB InBev, a SABMiller e a Heineken são respectivamente o número um, dois e três do setor de cerveja no mundo.
A Heineken informou em um comunicado que consultou seu principal acionista principal, a família Heineken, que decidiu rejeitar a oferta.
"A família Heineken informou a SABMiller, Heineken e Heineken Holding N.V. de sua intenção de proteger a herança e a identidade da Heineken como empresa independente", afirma o comunicado.
A SABMiller comercializa cervejas locais em todo o mundo e controla especialmente as marcas Peroni e Miller.
A Heineken, além da própria cerveja, comercializa a marca mexicana Dos Equis e a holandesa Amstel.
A família Heineken dispõe da maioria dos votos no grupo.
"Sem a autorização da família, não pode ocorrer nada", afirmou à rádio holandesa BNR Corné van Zeijl, analista do fundo holandês de gestão de ativos Actiam.
Tom Muller, do banco de negócios Theodoor Gilissen, afirmou à AFP que a família Heineken não tem motivos para vender sua empresa.
"A Heineken é uma grande empresa, suficientemente sólida para fazer frente à concorrência em todo mundo".
"Os negócios vão bem e não há razões urgentes para vender", acrescentou à AFP, destacando que "a família já tem muito dinheiro e possui uma boa empresa".
Escapar da AB Inbev?
Segundo Van Zeijl, "provavelmente a SABMiller quer comprar a Heineken porque a AB InBev quer ficar com a SABMiller", em um mercado de muitas fusões nos últimos anos.
Segundo Tony Cross, analista da Trustnet, "há uma preocupação de que a AB InBev possa fazer uma oferta hostil" de aquisição da SABMiller.
Segundo o jornal holandês Financieel Dagblad (FD), na última década a InBev adquiriu várias marcas, como a Corona e a Budweiser, por 100 bilhões de dólares.
Com a compra da Heineken, a SABMiller aumentaria o volume de negócios em 20 bilhões de euros, e sua presença em mercados emergentes da África e da Ásia, destaca o FD.
Nos últimos anos, a Heineken se desenvolveu muito na Ásia, com a compra da cervejaria APB, que produz a Tiger, e também no México.
"Embora não seja para se proteger da InBev, a oferta faz sentido no nível de mercado para rebaixar os custos e aumentar as margens de lucro, por exemplo", argumenta Joost van Dijck, outro analista do banco de negócios Thedoor Gillissen.
De acordo com o jornal Financieel Dagblad, a Heineken está valorizada em 35 bilhões de euros, a SABMiller em 70 bilhões e a AB InBev em 140 bilhões.