Crescimento e inflação são desafios para Dilma, diz S&P

Segundo a agência, "as políticas do próximo governo vão determinar a trajetória dos ratings do Brasil"
Karol Albuquerque
Publicado em 28/10/2014 às 17:46
Segundo a agência, "as políticas do próximo governo vão determinar a trajetória dos ratings do Brasil" Foto: Foto: EVARISTO SA / AFP


A presidente reeleita Dilma Rousseff está diante de desafios para restaurar o crescimento econômico, remover obstáculos ao aumento dos investimentos, controlar a inflação e atender à demanda crescente por serviços públicos, diz a agência de classificação de risco Standard & Poor's em comunicado à imprensa.

Segundo a agência, "as políticas do próximo governo vão determinar a trajetória dos ratings do Brasil. O cenário básico da S&P é de que o quadro de referência institucional e de políticas, aliado a seus pontos fortes e nos balanços externo e fiscal, lhe dão espaço de manobra suficiente e capacidade de suportar choques externos que são consistentes com o rating em moeda estrangeira BBB-".

"Poderemos elevar os ratings se o governo buscar iniciativas políticas mais consistentes para fortalecer as contas fiscais, ou uma agenda de reformas mais proativa para melhorar a perspectiva de crescimento do País no médio prazo. Isso provavelmente vai gerar maior confiança no setor privado e mais investimentos, e permitir maior flexibilidade fiscal e monetária ao governo. Por outro lado, poderemos rebaixar os ratings na eventualidade de uma deterioração agora nos indicadores externos e fiscais do Brasil, ao lado de um abandono do compromisso do Brasil com políticas econômicas pragmáticas", prossegue o texto.

Para a S&P, "o maior desafio diante do governo Rousseff reeleito será implementar políticas para fortalecer a perspectiva de crescimento e reduzir a inflação, e ao mesmo tempo lidar com pressões sociais. Essa é uma tarefa difícil por si mesma, e ela é complicada ainda mais pelo ambiente político. A construção eficaz de uma coalizão e trabalhar com o Congresso serão cruciais. Enquanto isso, o novo Congresso está mais fragmentado do que antes, com 18 partidos políticos representados no Senado e 28 na Câmara dos Deputados, à medida que partidos menores tiveram ganhos nas eleições deste ano, tornando potencialmente ainda mais desafiador para o governo fazer avançar novas leis. Além disso, a campanha eleitoral polarizada, a perspectiva de uma oposição mais forte e potencialmente mais eficaz, liderada pelo PSDB, e o resultado apertado da votação nacional, que sinaliza descontentamento popular, sublinham que a trajetória da presidente à frente não será fácil, à medida que ela tem menos capital político e boa vontade do que quando iniciou seu primeiro mandato".

"Acreditamos que o segundo governo Rousseff vai manter continuidade ampla nas políticas econômicas. Haverá mudanças na equipe econômica da presidente, mas isso é diferente de uma mudança de políticas. Para esse fim, estaremos buscando sinais sobre a direção das políticas monetária e fiscal no curto prazo, assim como da agenda política em geral durante os próximos quatro anos", diz a nota.

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