OCDE eleva previsão de déficit externo do Brasil

Em maio, quando a primeira versão do documento foi divulgada pela OCDE, a estimativa de déficit nas contas externas do Brasil era mais modesta: saldo negativo de 3,1% do PIB
Carolina Sá Leitão
Publicado em 25/11/2014 às 12:22


A piora do resultado das contas externas deve levar o déficit em conta corrente do Brasil de volta ao nível visto em 2001. A previsão consta da atualização do relatório "OCDE Economic Outlook", divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. No estudo, a entidade piorou a previsão de déficit externo do País para 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB) - o equivalente a US$ 85,3 bilhões.

Em maio, quando a primeira versão do documento foi divulgada pela OCDE, a estimativa de déficit nas contas externas do Brasil era mais modesta: saldo negativo de 3,1% do PIB - ou US$ 73 bilhões. A piora dos números aconteceu especialmente pela queda das exportações.

De acordo com o estudo divulgado na manhã desta terça-feira, 25, em Paris, o Brasil deve terminar 2014 com exportações de mercadorias e serviços de US$ 274,2 bilhões. O valor é 10,9% menor que o previsto em maio. No lado das importações, as cifras também diminuíram, mas em ritmo menos intenso: o ano deve terminar com importações de produtos e serviços de US$ 334,7 bilhões, queda de 6,7% na comparação com estimativa feita em maio.

Essa mudança nas componentes da balança comercial fez com que a previsão de déficit gerado por mercadorias e serviços aumentasse em quase US$ 10 bilhões em seis meses, para US$ 60,5 bilhões.

Com a piora dos números, a OCDE chama atenção para o fato de que o déficit em transações correntes já não consegue ser coberto integralmente pelo ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED). "O que torna a economia mais dependente que no passado das entradas de capital para portfólio e mais vulnerável à eventual turbulência nos mercados de capitais que poderia ser desencadeada pelo aperto da política monetária norte-americana", cita o relatório. O documento nota, porém, que as "significativas reservas cambiais" do Brasil amorteceriam eventual problema.

Para os próximos anos, a organização prevê ligeira redução do déficit externo para 3,6% do PIB em 2015. A previsão, porém, é pior que a feita em maio, quando a OCDE estimativa rombo externo equivalente a 2,9% do PIB para o próximo ano. Para 2016, a entidade espera redução do déficit para 3,3% do PIB.

Inflação

Mesmo com a fraqueza da economia, a inflação não dá folga no Brasil e o País deve terminar o ano com Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) exatamente no teto da meta, de 6,5%, prevê a OCDE. Na estimativa anterior, divulgada em maio, a entidade previa alta de 5,9% para o ano.

"Apesar do surgimento de folga (na atividade), as pressões inflacionárias são fortes. A inflação geral e o núcleo subiram acima do limite superior da banda de tolerância", destaca o documento. "A inflação se mostrou persistente mesmo diante da breve recessão. Tendo em vista essa situação e também para manter as expectativas de inflação ancoradas será preciso uma política monetária apertada no próximo ano, apesar da fraqueza do crescimento".

Após terminar 2014 exatamente no teto da meta, a inflação deve desacelerar ligeiramente para 5,4% em 2015. Em maio, a entidade previa alta do IPCA ligeiramente maior, de 5,5%, no próximo ano. Para 2016, a OCDE estima desaceleração dos preços para 5,1%.

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