O saldo das compras e vendas de mercadorias e serviços do Brasil com o resto do mundo – as chamadas transações correntes – ficou negativo em US$ 90,948 bilhões em 2014. O saldo negativo supera o déficit de US$ 81,108 bilhões registrado em 2013, que, até agora, era o maior desde o início da série histórica, iniciada pelo Banco Central (BC) em 1947.
O déficit equivale a 4,17% do Produto Interno Bruto (PIB), soma dos bens e serviços produzidos em um país. A proporção em relação ao PIB é a maior desde 2001. Em dezembro, o resultado foi negativo em US$ 10,317 bilhões, também o maior já registrado para o mês. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (23) pelo Banco Central. O investimento estrangeiro direto (IED) somou US$ 62,495 bilhões no ano.
A conta de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos e seguros) teve déficit de US$ 48,667 bilhões, valor superior aos US$ 47 bilhões de 2013. Na conta específica de viagens internacionais, o déficit de US$ 18,695 bilhões foi recorde e superou os US$ 18,283 bilhões de 2013. O déficit relativo às viagens resultou de US$ 6,914 bilhões em gastos de estrangeiros no Brasil e US$ 25,608 bilhões em despesas de brasileiros no exterior.
O saldo comercial (diferença entre exportações e importações) ficou negativo em US$ 3,930 bilhões em 2014. Na conta de rendas (remessa de lucros e dividendos, pagamento de juros e salários), houve déficit de US$ 40,3 bilhões no período.
O ingresso líquido de transferências unilaterais correntes (doações e remessas de dólares que o país faz para o exterior ou recebe de outros países, sem contrapartida de serviços ou bens) chegou a US$ 1,9 bilhão no ano, redução de 42,9% na comparação com 2013.