O Tesouro Nacional afirmou que o governo não enfrenta dificuldades para vender títulos da dívida pública, cujo valor total recuou em janeiro. A instituição também disse que o rebaixamento da nota de crédito da Petrobras não deve afetar a demanda dos investidores estrangeiros por papéis do Brasil.
O estoque da dívida pública federal recuou 2,1% no mês passado, para R$ 2,25 trilhões. O coordenador de operações da dívida pública, José Franco Medeiros de Moraes, afirmou que o movimento de janeiro é sazonal, pois é um período de vencimento de grande volume de títulos públicos. Fevereiro, por outro lado, será um mês com mais vendas do que recompras de títulos.
"Dificuldade zero de rolagem da dívida pública. Os leilões estão acontecendo normalmente", afirmou nesta quinta-feira (26).
Moraes disse que investidores estrangeiros que saíram do país em dezembro, motivados por questões técnicas, como redução das aplicações em moedas de países emergentes no fim do ano, aumentaram sua participação na dívida em janeiro para 18,6% do total.
"Em janeiro e fevereiro, nos últimos leilões, a demanda de não residentes continua relativamente alta. Há interesse desse investidor por títulos da dívida pública federal. A expectativa é que a demanda continue no mesmo patamar", afirmou.
Em relação ao rebaixamento da Petrobras, Moraes afirmou que praticamente não houve impacto ontem no preço dos títulos brasileiros em função dessa notícia. "A gente não trabalha com esse cenário, de que o rebaixamento da Petrobras possa afetar a demanda de não residentes pela dívida."
Moraes afirmou também que o Tesouro avalia que não há demanda por leilões mais frequentes de títulos, como os que foram realizados no ano passado para acalmar o mercado em momentos de maior volatilidade.
Sobre o aumento dos juros verificado nos últimos leilões, o coordenador da dívida afirmou que as taxas refletem vários fatores, como a expectativa em relação à taxa básica de juros, ao câmbio e ao comportamento dos títulos dos EUA.
"Estamos no meio de um ciclo de aperto monetário. Em algum momento o BC deve parara de subir a Selic e, nesse momento, deve haver alguma estabilização [das taxas]."
Moraes afirmou que o Tesouro se programou para o vencimento da dívida nos quatro primeiros meses do ano, que representam 55% do total previsto para 2015. Também já comprou os dólares para pagamento da dívida externa até dezembro.
Disse ainda que a venda de títulos de prazos mais curtos verificada nos últimos leilões é uma demanda adicional, em parte pelo vencimento de papéis com essas características, e que continua havendo demanda por títulos de prazos mais longos.
Sobre o retorno do Brasil ao mercado internacional, afirmou que o governo não tem pressa em fazer uma nova emissão.
"Para todo o vencimento em 2015, já temos os recursos em dólares", afirmou. "Isso não significa que o Tesouro não fará emissões em 2015. Estamos aguardando o melhor momento. E sem pressa."