Na comparação com janeiro de 2014, a produção industrial brasileira caiu 5,2%, após uma retração de 2,9% nesse indicador em dezembro. Com isso, o setor acumula uma perda de 3,5% em 12 meses encerrados em janeiro. Os números foram divulgados pelo IBGE na manhã desta quarta-feira (4).
Quando comparado com dezembro, no entanto, a indústria esboçou uma reação e cresceu 2% em janeiro. No último mês do ano passado, a retração havia sido de 3,2%.
Revisado para baixo, o dado apontava, originalmente, uma queda de 2,8%. Com a mudança do dado de dezembro, o resultado de 2014 também foi revisado e ficou um pouco mais negativo. A queda foi revista de 3,2% para 3,3%.
O resultado de janeiro foi o maior desde junho de 2013, mas não compensa a perda do mês anterior. A expansão já era esperada por analistas, que a enxergam como uma recomposição parcial sobre uma base muito fraca.
Para analistas, a indústria viverá, em 2015, mais uma ano de queda da produção. Em 2014 a perda foi a maior desde 2012. No ano passado, o emprego na indústria também fechou com queda, de 3,2%, o pior resultado desde 2009.
Dentre os motivos para o fraco resultado do ano passado, estão o acúmulo de estoques em importantes setores, como veículos, e consumidores e empresários mais pessimistas com o cenário econômico -o que posterga decisões de compras e investimentos.
Com esse quadro, algumas empresas já adotaram medidas como demissões, corte de turnos, suspensão de contratos de trabalho ou férias coletivas para lidar com a conjuntura desfavorável.
O mesmo cenário, dizem, deve se repetir neste ano, com os agravantes da possível freada mais forte da economia global e a crise da Petrobras, que paralisou investimentos e afeta toda a cadeia de óleo e gás e de parte da de construção civil -que demanda insumos e máquinas da indústria.
O mercado de trabalho também deve piorar neste ano -em janeiro, a taxa de desemprego subiu acima das expectativas e superou a marca do mesmo mês do ano passado- e o crédito tende a se tornar mais caro, fatores que devem restringir mais o consumo.
SETORES
De dezembro para janeiro, a reação da indústria foi puxada pelo maior ritmo de atividade de importantes setores, como o de alimentos (3,9%), máquinas e equipamentos (7,6%), metalurgia (5,4%) e máquinas e aparelhos elétricos (9%). Todos apresentaram quedas de destaque em dezembro.
A indústria extrativa, com alta de 2,1%, também ajudou a impulsionar o setor industrial graças à maior produção de petróleo bruto. O ramo ampliou o crescimento frente a dezembro (alta de 0,9%).
Já as quedas mais expressivas de dezembro para janeiro ficaram com perfumaria e produtos de limpeza (-4,8%), derivados de petróleo e biocombustíveis (-5,8%) e vestuário e calçados (-5,8%).
Pesaram ainda na queda da produção fatores como inflação em alta, custo maior com energia (algumas fábricas decidiram parar para não ter prejuízo), invasão de produtos importados num período de fraca demanda mundial e exportações em declínio.