Bolsa fecha em baixa pressionada por cenário político e por queda da Vale

A Bolsa brasileira fechou em baixa nesta quinta-feira (5), pressionada pela tensão política criada após o Congresso barrar uma das medidas de ajuste fiscal do governo e também pela queda de 4% das ações da mineradora Vale.

O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, registrou baixa de 0,20%, a 50.365 pontos. Das 68 ações negociadas no índice, 37 subiram e 31 caíram.

Além de contaminar o dólar, o cenário político afetou a Bolsa brasileira nesta sessão, avalia Marcio Cardoso, sócio-diretor da corretora Easynvest. "O risco-Brasil é o que está tendo a maior relevância no comportamento dos ativos negociados no mercado local", avalia.

"É uma questão de credibilidade do país, pelo cenário político conturbado. É complicado do lado politico porque a operação Lava Jato pode implicar uma quantidade razoável de parlamentares. Não está claro o que cada um fez, e essa incerteza provoca uma reação negativa dos investidores", ressalta.

No pregão anterior, a Bolsa já havia caído 1,63% com a reação negativa do mercado após o Congresso devolver a medida provisória que aumentava tributos pagos por empresas de vários setores, apresentada pelo governo no fim da semana passada.

Segundo Cardoso, foi importante a reação rápida da presidente Dilma Rousseff, que assim que soube da devolução já encaminhou ao Congresso um projeto de lei com as mesmas mudanças do sistema de desoneração da folha de pagamento que estavam na medida provisória rejeitada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

"Ela foi bem rápida ao enviar as mudanças de uma outra maneira, o que demonstra que está tentando mostrar comprometimento. Mas fazer em três meses algo que é totalmente contrário ao que você fez em quatro anos é difícil de ser digerido rapidamente", ressalta Cardoso.

Também contribuiu para a queda da Bolsa a desvalorização de mais de 4% das ações da Vale. A baixa ocorreu após o minério de ferro atingir a mínima em mais de seis anos com o fechamento de algumas siderúrgicas na China.

O país também sinalizou crescimento menor em 2015, de 7%, abaixo dos 7,5% que não foram cumpridos por pouco em 2014.

Outro papel que sofreu forte baixa nesta quinta foi a Embraer, que caiu 4,48%, a R$ 24,50, após a empresa registrar lucro abaixo do esperado pelo mercado.

A fabricante de aeronaves teve lucro líquido de R$ 242 milhões no quarto trimestre, forte queda frente aos R$ 607,2 milhões do mesmo período de 2013, com receitas praticamente estáveis e aumento do endividamento.

"O resultado da Embraer não agradou. A receita líquida ficou abaixo da expectativa do mercado, com uma menor entrega de jatos na comparação anual", avalia Linican Monteiro, executivo da equipe da análises da UM Investimentos.

As ações da Petrobras subiram no dia. Os papéis preferenciais, mais negociados e sem direito a voto, fecharam em alta de 0,76%, a R$ 9,28. Já as ações ordinárias, com direito a voto, subiram 0,66%, a R$ 9,21.