A Bolsa segue sua trajetória de valorização e fechou nesta segunda-feira (6) com forte alta. O Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, encerrou o dia com valorização de 1,16%, a 53.737 pontos.
O resultado é o maior desde o final de novembro do ano passado, chegando a atingir a máxima de 54 mil pontos em meio a apostas de que o Fed (banco central americano) pode demorar mais que o inicialmente calculado por analistas para elevar os juros.
Para Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora, a alta da Bolsa deve ser uma tendência por causa do cenário positivo para o investidor.
"O Brasil tem um cenário particular: real desvalorizado diante do dólar, com ativos de capital muito baratos, e taxa de juros alta. A Bolsa, que chegou a 48 mil no pior momento, com queda da Petrobras e Vale, hoje teve máxima de 54 mil pontos", afirma Pedro.
O dólar chegou ao patamar mínimo de R$ 3,08 nesta segunda-feira, mas fechou em R$ 3,09 ainda influenciado pelos dados de geração de emprego nos Estados Unidos, que indicaram desaceleração na economia americana, e o clima de "trégua" entre governo e Congresso no Brasil.
Para especialistas, o movimento de queda do dólar pode ser uma tendência depois da alta nos últimos meses. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com queda de 0,86%, a R$ 3,093. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, caiu 0,19%, a R$ 3,123.
DESACELERAÇÃO AMERICANA
O presidente do Fed de Nova York, William Dudley, afirmou nesta segunda-feira que o momento da alta do juro é incerto. Ele disse que o banco central dos EUA precisa observar se a surpreendente fraqueza recente na economia norte-americana não é prenúncio de uma desaceleração mais substancial.
As declarações vieram após a divulgação de dados pelo Departamento de Trabalho que mostraram que a criação de vagas somou 126 mil postos de trabalho no mês passado -menos que a metade das vagas criadas em fevereiro e menor ganho desde dezembro de 2013.
A baixa criação de vagas contribui para a percepção de que o crescimento da economia norte-americana desacelerou no primeiro trimestre deste ano, prejudicada pelo forte inverno que atingiu o país, reforçando a expectativa de que o banco central americano não vai subir juros tão cedo.
"As apostas para a elevação da taxa de juros americana se dissiparam. Na melhor das hipóteses, a alta poderá acontecer somente no segundo semestre ou no final de ano", afirma Marco Aurélio Barbosa, analista da Capital Markets.
A mudança na taxa de juros é acompanhada com atenção pelos investidores porque uma alta aumenta o custo do crédito para os consumidores, empresas, e o próprio governo norte-americano.
Para os mercados emergentes (inclusive o Brasil), a tendência é que haja um êxodo de investimentos para os EUA, em busca do rendimento e da maior segurança da economia do país.
CENÁRIO INTERNO
Pedro Silveira, da TOV Corretora, afirma que o real foi uma das moedas que mais se desvalorizou em relação ao dólar. Parte das causas vieram de fatores externos, mas o cenário interno, como eleições, casos de corrupção na Petrobras, tiveram uma forte pressão no câmbio.
"Agora, com esse movimento de queda, a tendência é que a trajetória continue. Há agora uma impressão de 'sintonia' entre o ministro Joaquim Levy e a presidente Dilma Rousseff. E a articulação política para a aprovação dos ajustes no Congresso começou a caminhar", conclui.
Na semana passada, em mais de sete horas de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Levy fez um apelo e conseguiu que os senadores desistissem de votar o projeto que reduziria o volume de dinheiro no caixa do governo.
Levy convenceu os senadores a incluir a proposta do governo para a renegociação da dívida de Estados e municípios com a União no texto que tramita no Senado.
Fabiano Rufato, gerente sênior da mesa de câmbio da corretora Western Union, afirma que, desde a semana passada, a boa expectativa sobre o ambiente político interno também tem acalmado o mercado.
"O ministro Joaquim Levy [Fazenda] tem se mostrado um bom articulador político e o mercado enxerga este momento como uma trégua entre governo e Congresso."