As concessões de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para empresas recuaram 35% no primeiro trimestre de 2015 em relação ao mesmo período de 2014, segundo dados do Banco Central.
A queda reflete a nova política do governo de elevar os juros nessas operações e reduzir a disponibilidade de dinheiro a ser emprestado. Desde 2009, a liberação de empréstimos do BNDES vinha sendo bancada pelo aumento da dívida pública, postura que mudou com a chegada do ministro Joaquim Levy ao Ministério da Fazenda neste ano.
A taxa média de juros no financiamento de investimentos com recursos do BNDES chegou a 8,6% ao ano em fevereiro (recuou para 8,1% ao ano em março). Em maio de 2013, essa taxa atingiu o piso histórico de 6,4% ao ano.
O banco estatal responde hoje por 38% do crédito bancário para pessoas jurídicas no país.
A taxa de juros, apesar do aumento recente, ainda é bem inferior à taxa média de outras modalidades importantes oferecidas pelos demais bancos, como capital de giro (23% ao ano) e conta garantida (46% ao ano).
De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo desta sexta-feira (24), o governo busca agora outras fontes de recursos para este banco e quer usar dinheiro do fundo de garantia para colocar recursos no BNDES.
CARTÃO DE CRÉDITO
A pesquisa mensal de crédito do BC, divulgada nesta sexta-feira (24), mostrou ainda que a taxa média de juros no rotativo do cartão de crédito alcançou o maior nível em quatro anos, de 346% ao ano, acompanhando o movimento de alta da taxa média ao consumo, que chegou a 54,4% ao ano.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que, nesse ambiente de juros altos, o crédito com desconto em folha de pagamento tem avançado mais que outras linhas. A taxa média, nesse caso, é de 25% ao ano para servidores públicos, 29% para beneficiários do INSS e 37% para trabalhadores do setor privado.
"O consignado representa cerca de um terço do crédito livre para pessoas física. Em um ambiente de elevada taxa de juros, buscar modalidades com taxas mais baixas é uma estratégia importante", afirmou. "O aumento do consignado pode estar refletindo essa migração."
VEÍCULOS
Apesar da aceleração do crédito em março em relação ao início do primeiro trimestre, por motivos sazonais, o BC avalia que as operações têm mantido ritmo moderado de crescimento, de 11% ao ano. Esse comportamento, no entanto, varia de acordo com o segmento econômico.
As concessões de crédito para compra de veículos, por exemplo, caíram 5,4% no trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com os últimos três meses de 2014, a queda foi de 22%.
O saldo dessas operações está hoje em R$ 179,6 bilhões, menor nível desde dezembro de 2011, quando estava em R$ 177,7 bilhões.