As ações da Petrobras dispararam mais de 4% nesta sexta-feira (26) com a expectativa dos investidores pela reunião do conselho de administração da estatal, que deve discutir o plano de negócios da empresa no período de 2015 a 2019.
Os papéis preferenciais da Petrobras, mais negociados e sem direito a voto, tiveram valorização de 4,84%, para R$ 13,21 cada um. Já os ordinários, com direito a voto, ganharam 4,79%, para R$ 14,65.
O desempenho ajudou o principal índice da Bolsa brasileira a se manter no azul. O Ibovespa avançou 1,58%, para 54.016 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,504 bilhões. O indicador fechou a semana com alta acumulada de 0,50% -quarto ganho semanal consecutivo.
"A diretoria da estatal apresentará ao conselho de administração três propostas de corte nos investimentos para o período de 2015 a 2019: R$ 44,1 bilhões, R$ 66,2 bilhões e R$ 88,2 bilhões. (...) Se vier um corte de R$ 44 bilhões, negativo para as ações, se vier o maior corte, diríamos que é positivo. Permanecemos céticos com o ativo", disse na véspera Ricardo Kim, da XP Investimentos, em relatório.
A alta das ações da Petrobras refletiu ainda, segundo analistas, a notícia de que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta sexta-feira (26) que a obrigatoriedade de presença da estatal em todas as áreas do pré-sal será "corrigida" pelo Congresso.
"Erramos na mudança do regime de concessão para partilha. A obrigação da Petrobras participar (no pré-sal) vai ser corrigida. A mudança de regime eu não sei", disse Cunha durante evento com jornalistas no Rio de Janeiro.
"Os investidores estão preocupados com o alto nível de endividamento da estatal. A obrigatoriedade de participação da empresa em todas as áreas do pré-sal implica na necessidade extra de investimentos, por isso a possibilidade de reversão dessa decisão agradou ao mercado", disse Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.
"A baixa do Ibovespa na véspera também abriu uma brecha para recuperação nesta sexta, o que colaborou para o bom desempenho dos principais papéis do índice. Na próxima semana, o nível de incerteza deve continuar forte, especialmente por dois fatores: se o acordo entre Grécia e seus credores para evitar o calote do país sairá ou não, além do encerramento do semestre na terça-feira (30), com alguns fundos readequando suas carteiras", completou Müller.
PAPÉIS
O bom desempenho das ações de bancos também ajudou o Ibovespa a se manter no azul. Este é o setor com maior peso dentro do índice. O Itaú ganhou 0,87% nesta sexta-feira (26), enquanto o Bradesco subiu 1,64% e o Banco do Brasil mostrou valorização de 3,90%.
O BTG Pactual disse em nota a clientes que a elevação da TJLP de 6% para 6,5% no terceiro trimestre e possivelmente para 7% no quarto significa aumento do benefício fiscal dos Juros sobre Capital Próprio, "portanto, boa notícia para os bancos", embora possa trazer de volta discussão sobre o fim do mecanismo.
O dia também foi positivo para os papéis preferenciais da Vale, que tiveram alta de 1,21%, para R$ 16,70 cada um, devolvendo parte das perdas recentes.
Em sentido oposto, as ações do setor educacional lideraram a ponta negativa do Ibovespa, com Kroton em queda de 5,96%, para R$ 12,16, e Estácio em baixa de 4,83%, a R$ 17,92.
O governo federal anunciou nesta sexta-feira a abertura no segundo semestre de 61.500 vagas para o Fies, fundo destinado ao financiamento de estudantes no ensino superior privado, totalizando 314 mil vagas em 2015, patamar que o governo espera manter nos próximos anos.
CÂMBIO
No câmbio, a expectativa de entrada de dólares no Brasil diante do aumento nos juros no país amenizou a cautela do mercado em relação ao impasse nas negociações entre Grécia e seus credores internacionais para chegar a um acordo antes de o país dar calote na terça-feira.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve valorização de 0,27% sobre o real, cotado em R$ 3,124 na venda. Na semana, houve ganho de 1,37%. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, fechou o dia estável em R$ 3,128, com alta de 0,84% na semana.
As atuações do Banco Central do Brasil no câmbio continuaram sendo observadas pelo mercado, após a autoridade monetária ter reduzido ao longo do mês suas intervenções através da rolagem de contratos de swap cambial (operação que equivale a venda futura de dólares).
Na quarta-feira (17), o BC anunciou que passaria a fazer leilão de até 5.200 swaps cambiais diários para estender o vencimento do lote de contratos que vence em julho. Na semana anterior, a autoridade monetária vinha ofertando até 6.300 papéis por dia e, antes disso, até 7.000. Nesta sexta, o BC vendeu todos os 5.200 swaps oferecidos na rolagem, por US$ 253,7 milhões.