10 dicas para o sucesso do seu crowdfunding

Ano economicamente difícil ajudou a popularizar as plataformas de financiamento colaborativo. Mas o índice de sucesso no Brasil ainda é baixo
Raissa Ebrahim
Publicado em 26/12/2015 às 7:00
Ano economicamente difícil ajudou a popularizar as plataformas de financiamento colaborativo. Mas o índice de sucesso no Brasil ainda é baixo Foto: Foto: divulgação


O ano economicamente difícil ajudou a popularizar as plataformas de financiamento colaborativo (crowdfunding), em que um ou mais idealizadores buscam, através de sites especializados, dinheiro para financiar um projeto. Em troca, oferecem recompensas. A taxa de sucesso, porém, ainda é baixa no Brasil. O advogado especialista no assunto Vinicius Maximiliano Carneiro acaba de lançar o livro Dinheiro na Multidão – Oportunidades x Burocracia no Crowdfunding Nacional. Confira a entrevista à repórter Raíssa Ebrahim.

Jornal do Commercio – O crowdfunding ganhou força no Brasil este ano. Como se deu esse processo?

Vinicius Maximiliano Carneiro – A crise foi um grande determinante. Quando o dinheiro some, o crédito fica mais difícil e as pessoas precisam buscar alternativas. Muita gente começou a interessar mais pelo crowdfunding em 2014, quando passaram a sair notícias mais fortemente na mídia. Antes disso, o financiamento colaborativo ficava parecendo muito uma tendência de internet, com um alvo apenas nos mais conectadas. Foi daí que as plataformas começaram a ficar mais especializados também. Em 2015, os internautas começaram a financiar mais e entender mais sobre o processo. As pessoas também perderam o medo de usar o método de arrecadação e a doação pela internet.

JC – Quais os principais erros de quem busca o financiamento?

Maximiliano – Em relação aos donos da ideia, é fazer um projeto amador, sem dar a devida atenção a determinados pontos. Ter uma ideia não é suficiente para convencer as pessoas. O projeto precisa ser bem estruturado: como ele será apresentado e como será usado o dinheiro? Apesar de ser muito fácil colocar o projeto no ar, é preciso ser cuidadoso na forma como as coisas serão explicadas. Colocar o projeto numa plataforma é vender uma ideia e fazer uma propaganda para que alguém invista naquilo. Então é preciso ter profissionalismo e respeito com quem vai acessar a página. Isso não significa ter que gastar muito dinheiro. Apenas 1% das campanhas no Brasil arrecadam mais de R$ 100 mil. Portanto, ser conservador e realista quanto ao valor que se irá pedir é bem melhor do que se decepcionar com um projeto de altíssimo valor de investimento, o que pode assustar financiadores e doadores. É preciso também ficar claro quem é o dono do projeto e o que é o produto. O brasileiro ainda é tem muito receio de coisas feitas pela internet, apesar de ter um público online gigante.

JC – E os erros de quem doa?

Maximiliano – Não analisar os riscos de o projeto não acontecer, o que muitas vezes é consequência do erro de informação de quem elabora o projeto. Tudo tem risco. Não é porque é uma boa ideia que não pode dar errado. É preciso ter consciência de que muitos projetos não vingam pela sua própria natureza. Isso desestimula o doador. Outro erro é também não analisar se aquilo é idôneo.

JC – Qual a taxa média de sucesso dos projetos no Brasil? 

Maximiliano – Cada plataforma traça seus resultados. Eu fiz um estudo numa plataforma específica de busca de patrocínio esportivo e a taxa média de sucesso foi de 20%. Nas outras áreas, há uma variação muito grande. E muitas áreas costumam ter várias divisões, como, por exemplo, a de tecnologia. Mas, se fizermos uma projeção, a média brasileira de sucesso fica entre 15% a 20%. É baixa e significa que as pessoas que estão apresentando projetos têm muitas falhas.

JC – No Brasil, o crowdfunding já se consolidou na música e no cinema, por exemplo. Em que outros mercados há boas oportunidades?

Maximiliano – Um mercado ainda não explorado no Brasil é imobiliário, um mercado já maduro na Europa e nos Estados Unidos. Funciona assim: digamos que você compra uma casa e precisa reformá-la para colocar para alugar ou vender. Você lança o projeto para quem quer ser sócio desse imóvel. Isso para poucas pessoas, claro. Cada um contribui com uma parcela dentro do projeto e torna-se sócio de uma cota. Aí cada um recebe parte dos dividendos quando alugar ou vender a propriedade. É uma forma de popularizar o investimento imobiliário. Outras áreas de nicho ainda pouco exploradas no País são os mercados de cerveja, as plataformas só para mulheres e só para bichos, por exemplo. Outra é de empréstimos, para pessoas físicas e empresas.

TAGS
Crowdfunding financiamento colaborativo sucesso dicas
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory