O Relatório de Mercado Focus trouxe na manhã desta segunda-feira (18) uma rodada de alta de estimativas de analistas para a inflação em 2016 e de 2017. A mediana das projeções para a inflação deste ano passou de 6,93% para 7,00%, ante 6,87% de um mês atrás. Com essa atualização, nota-se que o mercado não acredita na promessa do Banco Central de levar a inflação para um ponto dentro do intervalo do centro (4,5%) e do teto (6,5%) este ano.
Além de reforçar esse alvo, em carta aberta, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, escreveu que conta com uma desinflação ao longo deste ano causada, sobretudo, pelos preços administrados e do setor de serviços, em meio à recessão que atravessa o País.
O grupo dos economistas que mais acertam as previsões, Top 5 de médio prazo, está mais descrente ainda nessa promessa. Para essas cinco instituições, o IPCA encerrará este ano em 7,54%. Na semana a anterior, o ponto central estava em 7,49% e, quatro semanas atrás, em 7,28%. Esta é a sexta semana consecutiva em que há alta das estimativas deste grupo.
Na pesquisa geral, a mediana das projeções para o IPCA de 2017, que é quando o BC promete entregar a inflação no centro da meta, também subiu. Passou de 5,20% para 5,40% no Boletim Focus de hoje - um mês atrás estava em 5,17%. Com isso, ficou mais distante do objetivo do BC de levar a inflação para mais perto de 4,50% no fim do ano que vem. Entre os Top 5 de médio prazo, a taxa permaneceu em 5,50% pela quinta vez seguida.
No caso das expectativas para a inflação suavizada 12 meses à frente, a mediana voltou a subir depois de duas edições em queda, de 6,79% para 6,83% de uma semana para outra - há um mês, estava em 7,04%. Para o curto prazo, houve correção das expectativas para a taxa para janeiro de 2016, que foi modificada de 0,86% para 0,92%. Um mês antes, estava em 0,84%. Para fevereiro, a mediana das previsões seguiu em 0,80% pela quinta semana consecutiva.
De acordo com o último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado em dezembro, o BC projeta que a inflação encerre este ano em 6,2% no cenário de referência e em 6,3% pelo de mercado. Para 2017, a estimativa da autoridade monetária está em 4,8% pelo cenário de referência e de 4,9% pelo de mercado.
Preços administrados
Assim como o Banco Central, o mercado financeiro acredita que os preços administrados não vão desempenhar em 2016 o mesmo papel de vilão da inflação visto no ano passado.
Mesmo assim, as previsões para esse conjunto de preços continuam elevadas e, mais, voltaram a subir no Relatório Focus. Pelo documento, a mediana das previsões para esse conjunto de preços este ano subiu de 7,50% - mesmo patamar verificado um mês antes - para 7,55%. No caso de 2017, a mediana das expectativas permaneceu em 5,50% pela sexta semana consecutiva.
O BC conta com forte desinflação desse segmento este ano para levar o IPCA para o intervalo de 4,5% a 6,5%. No último RTI de dezembro, o BC escreveu que, em 2016, a dinâmica dos preços administrados, aliados a outros componentes, são "fatores importantes do contexto em que decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), em 2017".
No mesmo documento, a autoridade monetária revelou que sua estimativa para esse conjunto em 2016 é de 5,9% ante 5,7% considerados no relatório anterior. Essa projeção considera, para combustíveis, que os preços domésticos da gasolina e do óleo diesel encontram-se acima dos praticados no mercado internacional, restringindo, dessa forma, eventuais elevações.
Para os preços da energia, a projeção do BC de 4,6% para 2016 leva em conta redução da tarifa em dólar da usina de Itaipu e ausência de mudanças no valor definido pelo sistema de bandeiras tarifárias em 2016, muito embora os riscos hídricos tenham evoluído favoravelmente e tenha ocorrido desligamento de usinas térmicas de maior custo. Já para 2017, a expectativa de reajustes dos itens administrados do BC é de 5,0%.
IGP-DI
O Relatório Focus mostrou que as projeções para o IGP-DI deste ano dispararam. A mediana passou de 6,18% para 6,48% de uma semana para a outra. Quatro semanas atrás, estava em 6,11%. Para 2017, a perspectiva é de uma alta de 5,30% desse indicador, a mesma da semana passada. Quatro edições atrás da Focus, a mediana para o IGP-DI estava em 5,35%.
O boletim Focus trouxe também que o ponto central da pesquisa para o IGP-M de 2016 passou de 6,58% para 6,60% de uma semana para outra - um mês antes estava em 6,48%. No caso do ano que vem, a expectativa dos participantes é de que o principal índice de inflação referência para reajuste de alugueis suba 5,28%, de acordo com o boletim Focus - estava em 5,23% no levantamento anterior e em 5,05% no realizado quatro semanas antes.
O IPC-Fipe para 2016 passou de 6,04% para 6,06%, segundo a pesquisa Focus desta segunda. Um mês antes, a mediana das projeções do mercado para o IPC era de 5,81%. Para 2017, a inflação de São Paulo, conforme o mesmo levantamento aponta há cinco semanas, deverá ficar em 5,00%.