O setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção da Petrobras e Eletrobras) apresentou déficit primário de R$ 22,267 bilhões em agosto, informou nesta sexta-feira (30) Banco Central. Em julho, o rombo havia sido de R$ 12,816 bilhões e, em agosto de 2015, foi registrado déficit de R$ 7,310 bilhões.
O resultado primário consolidado do mês passado ficou dentro das estimativas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que iam de déficit de R$ 10,4 bilhões a R$ 25 bilhões.
O déficit primário de R$ 22,267 bilhões em agosto é o pior para o mês da série histórica iniciada pelo Banco Central em dezembro de 2001. O recorde anterior era de agosto de 2014, com R$ 14,460 bilhões de déficit primário.
O resultado fiscal de agosto foi composto por um déficit de R$ 22,143 bilhões do Governo Central (Tesouro, Banco Central e INSS). Os governos regionais (Estados e municípios) influenciaram o resultado negativamente com R$ 653 milhões no mês, sendo que Estados registraram déficit de R$ 818 milhões e municípios tiveram superávit primário de R$ 165 milhões. Já as empresas estatais registraram superávit primário de R$ 529 milhões.
O déficit primário considerado pelo Banco Central é de R$ 170,5 bilhões para 2016, parâmetro que consta na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Para 2017, o déficit primário esperado é de R$ 139,0 bilhões.
As contas do setor público acumulam um déficit primário de R$ 58,859 bilhões no acumulado de 2016 até agosto, informou o Banco Central. A quantia representa 1,44% do Produto Interno Bruto (PIB). No mesmo período do ano passado, havia déficit primário de apenas R$ 1,105 bilhão ou 0,03% do PIB.
O resultado fiscal no acumulado de janeiro a agosto foi obtido com um déficit de R$ 67,977 bilhões do Governo Central (1,67% do PIB). Os governos regionais (Estados e municípios) apresentaram um saldo positivo de R$ 10,313 bilhões (0,25% do PIB). Enquanto os Estados registraram superávit de R$ 9,700 bilhões (0,24% do PIB), os municípios alcançaram um resultado positivo de R$ 613 milhões (0,02% do PIB). As empresas estatais registraram um déficit de R$ 1,195 bilhão nos primeiros oito meses deste ano (0,03% do PIB).
As contas do setor público acumulam um déficit primário de R$ 169,003 bilhões em 12 meses até agosto, o equivalente a 2,77% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse porcentual é o maior da série histórica do BC iniciada em dezembro de 2001, sendo que em julho ele havia sido de 2,54%.
O déficit fiscal nos 12 meses encerrados em agosto pode ser atribuído praticamente todo ao rombo de R$ 169,748 bilhões do Governo Central (2,79% do PIB). Os governos regionais (Estados e municípios) apresentaram um superávit primário de R$ 4,045 bilhões (0,07% do PIB) em 12 meses até agosto, sendo que Estados registraram superávit de R$ 4,915 bilhões e os municípios acumularam déficit primário de R$ 870 milhões. As empresas estatais registraram um resultado negativo de R$ 3,300 bilhões no período.
Na última terça-feira, durante a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana de Carvalho, evitou dizer se a instituição avalia a dinâmica fiscal como contracionista, neutra ou expansionista. Viana disse ainda que o BC leva em conta, em suas projeções, as previsões do governo para a área fiscal contidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), de déficit de R$ 170,5 bilhões para o governo central em 2016 e déficit de R$ 139,0 bilhões para 2017. Ao mesmo tempo, segundo o diretor, o BC considera o andamento dos ajustes na área fiscal para formular sua política monetária.
Gasto com juros
O setor público consolidado teve gasto de R$ 40,676 bilhões com juros em agosto, após esta despesa ter atingido R$ 40,587 bilhões em julho. Conforme informou o Banco Central, o Governo Central teve no mês passado despesas na conta de juros de R$ 35,921 bilhões. Já os governos regionais registraram gasto com esta conta de R$ 4,200 bilhões e as empresas estatais, de R$ 555 milhões.
No ano, o gasto com juros subiu de R$ 213,899 bilhões até julho para R$ 254,575 bilhões até agosto (6,25% do PIB).
Em 12 meses, as despesas com juros caíram de R$ 427,062 bilhões para R$ 418,035 bilhões até agosto (6,86% do PIB).
Déficit nominal
O setor público consolidado registrou um déficit nominal de R$ 62,943 bilhões em agosto. Em julho, o resultado foi deficitário em R$ 53,403 bilhões e, em agosto de 2015, o resultado foi negativo em R$ 57,013 bilhões. No mês passado, o Governo Central registrou déficit nominal de R$ 58,064 bilhões. Os governos regionais tiveram saldo negativo de R$ 4,852 bilhões, enquanto as empresas estatais registraram déficit nominal de R$ 27 milhões.
Em relação ao PIB, o déficit nominal de 2016 até agosto foi de 7,69%, uma soma de R$ 313,434 bilhões.
Já em 12 meses até o mês passado correspondeu a 9,64% do PIB, com um saldo negativo de R$ 587,038 bilhões.