Idade mínima, aumento no tempo de trabalho, regra de transição. O anúncio da Reforma da Previdência trouxe muitas dúvidas e inseguranças para o brasileiro. Com um rombo de mais de R$ 180 bilhões na previdência previsto para o próximo ano, a única certeza é de que haverá arrocho nas contas públicas e o contribuinte terá que trabalhar por alguns anos a mais. Para garantir um futuro tranquilo, porém, não é preciso depender do governo. É possível se planejar o quanto antes, recorrendo a aplicações em renda fixa, imóveis, ações e previdência privada.
A recomendação dos especialistas é que o investimento complemente o INSS, porque é seguro e garante benefícios, a exemplo de licença maternidade. Para ter uma aposentadoria tranquila, é preciso manter até 70% da renda que se tinha enquanto estava na ativa. O teto máximo do INSS, hoje, gira em torno de R$ 5,1 mil e poucas pessoas conseguem atingir este valor. Com a reforma da previdência, a expectativa é que fique ainda mais difícil, mesmo trabalhando mais.
As aplicações em renda fixa são indicadas porque os produtos acompanham a taxa básica de juros Selic, que está em 14,25%. Além disso, são investimentos considerados seguros porque estão vinculados ao governo e a bancos (nesse caso, são protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito). Porém, antes de gastar o dinheiro, é preciso avaliar cada produto e estabelecer metas que estejam de acordo com o investimento feito.
Basicamente, o investidor compra títulos e empresta dinheiro ao governo (títulos do tesouro) e aos bancos (CDBs) ou adquire letras de crédito agrícola (LCA) ou imobiliário (LCI). Também há fundos de investimentos em que é possível diversificar a carteira. “A orientação é que o investidor assegure que vai ter rendimentos acima da inflação. Os títulos têm uma data de validade e um período de carência para resgate. A pessoa deve associar os objetivos aos prazos de vencimento”, orienta o financista e diretor da Dsop Educação Financeira no Recife, Arthur Lemos. No atual cenário econômico, a poupança deixou de ser vantajosa porque rende hoje menos que a inflação. No longo prazo, portanto, a tendência é que poupador perca dinheiro.
Para quem pensa em investimentos a longo prazo, como a aposentadoria, Arthur Lemos recomenda o Título Tesouro IPCA+, que remunera segundo a variação do IPCA mais um bônus de 6% ao ano, e CDBs que funcionam de forma similar. Para os conservadores, a previdência complementar é outra alternativa. São dois modelos. A fechada é criada por uma empresa para seus funcionários. Em alguns casos, a instituição contribui com R$ 1 para cada R$ 1 do empregado.
CARTEIRA
Já a previdência aberta se divide em PGBL e VGBL. O primeiro permite deduzir 12% do total tributável declarado no Imposto de Renda (IR). Os tributos serão pagos no resgate do dinheiro. Esse modelo é indicado para quem declara o IR completo. Quem é isento ou declara no formato simplificado pode optar pelo VGBL, em que não é possível deduzir parte do investimento do IR. Os impostos só incidem sobre o valor dos rendimentos. Em ambos os casos, o investidor deve ficar atento às taxas de administração, que não devem ser maiores do que 1%.
Após obter instrução financeira e recursos, vale diversificar a carteira de investimentos, agregando outros elementos, como imóveis, ou partir para ações. “É possível diversificar as aplicações em renda fixa. Quando uma for mal, a outra cobre. Depois, quando der, compra um imóvel. Quem quiser investir em ações deve ter a consciência de que a volatilidade do mercado é muito grande. A estratégia é deixar rendendo por um tempo e depois investir em outra coisa”, comenta o professor de Cenários Econômicos da Faculdade dos Guararapes Tiago Monteiro.
O dentista Vamberto Cunha apostou na diversificação para garantir uma aposentadoria tranquila. Ele fez uma aposentadoria privada e investe em imóveis, além de contribuir para o INSS. “Tenho a aposentadoria complementar há 15 anos. Sobre os imóveis, a rentabilidade caiu bastante, mas como vivemos uma instabilidade eterna, isso pode mudar. Espero garantir uma vida confortável”, relata.