O Banco Central (BC) lucrou R$ 75,562 bilhões em 2016 com operações de câmbio, chamadas de swap cambial. Em 2015, o banco havia registrado prejuízo de R$ 89,657 bilhões nessas operações.
Criado em 2001, o swap cambial é uma ferramenta que permite ao Banco Central intervir no câmbio sem comprometer as reservas internacionais. O BC vende contratos de troca de rendimento no mercado futuro. Apesar de serem em reais, as operações são atreladas à variação do dólar.
O objetivo dessas operações é oferecer proteção cambial para as empresas em momentos de forte oscilação da cotação e liquidez (recursos disponíveis) ao mercado. Nos meses em que o dólar sobe, o BC tem prejuízo com as operações de swap. Quando a cotação cai, a instituição registra lucro.
Os resultados do BC com essas operações são transferidos para os juros da dívida pública, aliviando as contas públicas quando os contratos de swap são favoráveis à autoridade monetária. Quando ocorre o oposto, precisam ser cobertos com emissões de títulos públicos pelo Tesouro Nacional.
Em 2016, o BC iniciou um processo de redução do estoque de swaps cambiais, mas a estratégia foi interrompida após a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Com menos estoque de swaps, há menor efeito nos gastos do governo com juros da dívida. Atualmente, o estoque de swap está em US$ 26,5 bilhões.
No ano passado, queda do dólar gerou ganhos com operações de swap e, ao mesmo tempo, ajudou a aumentar a dívida líquida do setor público (balanço entre o total de ativos e passivos dos governos federal, estaduais e municipais). Isso acontece porque as reservas internacionais, ativos da dívida pública, são em dólar. Com o dólar mais barato, o valor das reservas convertidos em reais diminui.
Em 2016, houve perdas de rentabilidade das reservas internacionais (excluídos os custos com captação de recursos) no total de R$ 324,123 bilhões, maior do que o ganho registrado em 2015 (R$ 259,973 bilhões).