A frustração de parte do mercado com o PIB do quarto trimestre de 2016 não mudou expectativa de que o ponto de inflexão na economia deve ocorrer no primeiro trimestre deste ano, conforme analistas consultados pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
A safra agrícola recorde é o principal argumento para essa expectativa, mas os economistas também apostam em crescimento industrial no primeiro trimestre. Para o ano, a perspectiva é de tímido avanço econômico: o crescimento de investimentos e o retorno do consumo no final do ano, além da queda da inflação e do juros podem impedir o terceiro ano consecutivo de recessão.
"O Brasil deve voltar a crescer neste primeiro trimestre e mostrar sinais claros de recuperação cíclica até o segundo semestre, mas a atividade econômica em 2017 será rasa", avalia o economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.
O economista do banco Santander Rodolfo Margato, estima alta de 0,3% no PIB do 1.º trimestre e de 0,7% em 2017. "O PIB foi decepcionante, mas não altera nossa expectativa de crescimento para 2017, porque os dados de alta frequência já apontam para um resultado positivo da indústria e da agropecuária, principalmente com o crescimento da produção de grãos, notoriamente a soja", afirmou.
Na indústria, Julio Mereb, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), afirma que os indicadores antecedentes de janeiro, como a produção de veículos e o movimento em estradas pedagiadas, já sugerem números melhores na indústria de transformação. Mereb projeta crescimento de 0,3% de janeiro a março e de 0,4% no ano.
Os dados de produção de veículos em fevereiro divulgados nesta terça-feira, 7, pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostraram produção 14,7% maior que em janeiro. Esse crescimento foi capitaneado pelo aumento nas exportações de 74,7% na mesma base de comparação, além da alta nos estoques. No mercado interno, houve queda de 7,8% no mesmo período. Apesar de apostar na melhora de vendas em março, o presidente da associação, Antonio Megale, aposta em crescimento apenas no segundo semestre.
"A perda de renda do trabalhador e o desemprego alto comprometem a demanda interna. Dessa maneira, a única saída para o País deixar o fundo do poço é movimentar a produção para o mercado externo", analisa o economista da Saint Paul Escola de Negócios, Maurício Godoi. Ele acrescenta que as questões políticas, como o processo da chapa Dilma-Temer no TSE e a aprovação das reformas, são os únicos riscos.
O Bradesco projeta elevação de 0,1% do PIB já no primeiro trimestre, "impulsionado pelo setor agrícola". O banco manteve ainda a projeção de crescimento de 0,3% para este ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.