A redução dos preços de combustíveis e a volta da bandeira verde nos preços da energia elétrica devem reduzir a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 0,3 ponto percentual neste mês.
A estimativa é do presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, que participou de café da manhã promovido nesta sexta-feira (9) pela Câmara de Comércio França-Brasil (CCIFB), em São Paulo.
Entretanto, Goldfajn disse que “essas oscilações pontuais não têm implicação relevante” para as decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic. O presidente do BC reforçou que uma redução moderada no ritmo de cortes na Selic é adequada.
Na última terça-feira, na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir a Selic, o BC já deu a sinalização de que diminuirá o ritmo de cortes. No dia 31 de maio, o Copom reduziu a Selic em 1 ponto percentual para 10,25% ao ano.
Segundo Goldfajn, com projeções de inflação em torno da meta para 2018 e um pouco abaixo em 2017 e “elevado grau de ociosidade na economia, o cenário prescreve a continuidade do ciclo” de cortes da Selic, já considerando os atuais riscos. A meta de inflação é 4,5% com limite inferior em 3%.
Goldfajjn disse que a crise política aumentou a incerteza dos agentes econômicos “quanto à velocidade de adoção das reformas e de ajustes na economia”.
“Mas a economia brasileira apresenta hoje uma maior capacidade de absorver eventual revés, devido à situação mais robusta de seu balanço de pagamentos e ao progresso no processo desinflacionário e na ancoragem das expectativas”, afirmou.
“A atividade econômica dá sinais de estabilização no curto prazo e perspectiva de recuperação, mas a retomada da economia pode ser mais ou menos demorada e gradual do que a antecipada. A manutenção, por tempo prolongado de níveis de incerteza elevados sobre a evolução do processo de reformas e ajustes na economia, pode ter impacto negativo sobre a atividade econômica”, finalizou.