Milhares de brasileiros estão investindo tempo e dinheiro para abrir o próprio negócio, seja para conquistar mais autonomia, voltar ao mercado de trabalho ou apenas reforçar o caixa e tentar driblar a crise. De acordo com o Sebrae, 11,1 milhões de empresas foram criadas nos últimos 3,5 anos no Brasil em decorrência da necessidade. A empresa especializada em pesquisa digital - MindMiners realizou pesquisa entre os dias 31 de agosto e 11 de setembro com pessoas que empreenderam da base exclusiva da organização reunida na rede social de opinião MeSeems.
O objetivo da pesquisa foi traçar um raio X do empreendedorismo no País. Por isso, a coleta do estudo foi dividido em duas etapas: a primeira ouviu pessoas que já empreendem. E a segunda focou naquelas que sonham em ser empreendedoras.
A maior parte dos futuros empreendedores, desejam uma renda aliada com mais liberdade na vida. Isso evidencia uma visão romântica do empreendedorismo no Brasil. Diferentemente do que muitos pensam, possuir uma empresa pode significar muito mais tempo dedicado ao trabalho e muito menos tempo disponível para a família, por exemplo.
Quais as principais diferenças existentes entre esses dois perfis? Que importância atribuem a cada etapa do planejamento de abertura de uma nova empresa? Onde buscam ajuda? E quais as maiores dificuldades de se empreender no Brasil?
Quando o assunto é encontrar um bom parceiro para tocar o negócio, mais da metade dos entrevistados que já têm empresa (51%) escolheram familiares como sócios. E outros 29% elegeram amigos.
O estudo concluiu também que o conceito de multicanal (ou seja, estar presente em diversos canais ao mesmo tempo) está movimentando a maior parte dos empreendedores. Cerca de 42% dos entrevistados afirmam ter loja física e online, enquanto 38% dizem ter apenas a versão física e outros 20% somente a versão virtual.
Quanto ao modelo de negócio, 34% investiram em uma empresa B2C (que vende diretamente ao consumidor final). Já 24% vendem para o varejo; 8% são marketplaces; 7% são B2B (vendem apenas para outras empresas); e apenas 3% focam na exportação.
Em relação as motivações do empreendimento, 57% afirmaram que viam a empresa própria como a chance de ter mais liberdade e autonomia; para 53%, era uma oportunidade para crescer; 35% queriam deixar de ser funcionários e se tornar chefes; 19% citaram a frustração com o mercado de trabalho tradicional; 18% não viam outra saída para frear a crise; 17% queriam melhorar o Brasil; e 16% queriam gerar impacto social/disruptivo no mundo.
Um dado interessante também é que 19% dos entrevistados declaram que não investiram nem um centavo na empresa, enquanto que 39% diz ter colocado pelo menos R$ 10 mil do próprio bolso. Cerca de 13% investiram entre R$ 11 mil e R$ 20 mil; 12%, entre R$ 21 mil e R$ 50 mil; e 8% entre R$ 101 mil e R$ 500 mil.
Levando em consideração o período entre a idealização da organização e sua abertura oficial, 56% dos entrevistados garantiram que o processo levou menos de um ano; outros 21% disseram que levou entre um ano e três anos; 15%, entre três anos e cinco anos; e 8%, mais de cinco anos.
Sobre os medos mais comuns, fechar a empresa porque ela "não deu certo" é uma situação que assusta 52% dos pesquisados; outros 38% temem não conseguir um investidor para ajudar a alavancar o negócio; e 21% têm medo de entrar em atrito com os sócios e/ou parceiros.
Aproximadamente 28% dos entrevistados afirmaram que, se recebessem uma boa oferta de emprego, deixariam o empreendimento; outros 43% não abandonariam o negócio. E 61% concordam que o sucesso depende deles mesmos - mais do que de outras pessoas.
Na hora de buscar ajuda externa para tocar a empresa, 51% garantem ter procurado orientação no Sebrae; 21%, na associação do setor de sua atuação; e 20%, em órgãos relacionados ao governo, universidades e faculdades.
Sobre os meios de pagamento que a serem disponibilizados aos seus clientes, 28% dos empreendedores entrevistados dizem buscar informação nas próprias empresas de meios de pagamento e com amigos e familiares; 26%, com os sócios; 22%, com parceiros; e 19%, em grupos de empreendedores.
Em relação aos meios de pagamento já aceitos, 62% delas atuam com cartões de crédito; 58%, com cartões de débito; 47%, com boleto; e 41%, com PayPal. Entre as empresas que ainda não dispõem de meios eletrônicos de pagamento, 28% delas querem disponibilizar PayPal a seus clientes; 24%, cartões de crédito; e 21% cartões de débito.
Entre aqueles que ainda não se decidiram pela aventura do empreendedorismo, a MindMiners descobriu que 66% pretendem ter negócio próprio para poder ter mais liberdade e autonomia em suas vidas. Destes futuros empreendedores, 20% pensam em criar uma empresa de tecnologia; 17% ainda estão em dúvida sobre o setor de atuação; 11% pensam em abrir um comércio ou um restaurante/bar/lanchonete; e 7% responderam que pretendem abrir uma empresa de engenharia. Dentre os participantes do estudo, 51% querem ter loja física, além de um e-commerce; 20% afirmam que terão somente espaços físicos; e 10% pensam em empreender apenas no universo online.
Uma informação surpreendente: quando questionados se já têm conhecimento sobre o setor em que pretendem atuar, 52% responderam que "não", dentre esses, 68% ainda não investiram em nenhuma pesquisa de mercado. Neste último item, a razão é inversamente proporcional quando a pesquisa questionou os empreendedores: 67% deles investem em pesquisas para conhecer o consumidor, sendo que 22% deles dizem ter até R$ 10 mil para investir em um negócio próprio; 44% ainda não sabem quanto terão para gastar; e 9% dizem ter em caixa entre R$ 21 mil e R$ 50 mil para tornar a empresa realidade.
Nesse universo dos entrevistados, 64% ainda não buscaram ajuda para começar a empreitada, mas quem o fez procurou, principalmente, o Sebrae 19%, universidades e faculdades 13% e bancos 7%. O que mais atrasa a tomada de decisão para abrir o negócio próprio? Para 49% dos participantes da análise, a falta de capital; outros 18% citam a falta de conhecimento sobre empreendedorismo; 14% dizem não ter tempo; e 12% afirmam ser inseguros para decidir.