O ambiente doméstico favorável, que levou o dólar a abrir em queda nesta sexta-feira (16) ganhou impulso com a perda de fôlego da divisa americana nos mercados globais ao longo do dia, levando a moeda a fechar em queda de 1,20% frente ao real, aos R$ 3,7384 no mercado à vista. Na semana, contudo, o dólar ficou estável.
Aqui, pesam positivamente as indicações para a equipe econômica do governo Jair Bolsonaro, que agradaram ao mercado. Lá fora, sinalizações de que uma desaceleração global pode levar o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a aumentar menos os juros americanos e uma sinalização de acordo entre Estados Unidos e China derrubaram o dólar globalmente.
A baixa liquidez observada durante boa parte do dia foi revertida na última hora pré-fechamento, com um aumento do fluxo de estrangeiros, segundo operadores. O volume dos negócios à vista foi de US$ 1,023 bilhão, considerado alto para um dia pós feriado. O volume da moeda para dezembro foi de US$ 19 bilhões. O dólar para o próximo mês fechou cotado a R$ 3,7465, em queda de 1,10%.
Operadores ouvidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) acreditam que o câmbio opera ainda em ajuste após a alta do início da semana, que levou a divisa aos R$ 3,82, em busca de um novo patamar.
"O dólar tenta encontrar um suporte, que deve se manter em torno dos R$ 3,70 a R$ 3,80. Não acho que alguém vá correr o risco de ficar exposto, vendido abaixo dos R$ 3,70, a menos que haja noticiário para isso", aponta um operador.
Internamente, o fator de maior peso no câmbio foi a indicação, feita na quinta-feira (15), de Roberto Campos Neto para o Banco Central, nome visto pelos investidores como técnico e próximo ao mercado. O bom humor foi alimentado pela manhã com as sinalizações de que a diretoria atual do BC pode ser mantida e a confirmação da continuidade do diretor de Política Econômica, Carlos Viana de Carvalho, no cargo. Além disso, agradou o anúncio da permanência de Mansueto Almeida à frente do Tesouro Nacional.
O movimento ganhou impulso com a perda de força do dólar nos mercados globais que ocorre desde quarta-feira. Além disso, pesou no fim da tarde fala do presidente dos EUA, Donald Trump, indicando que deseja fazer um acordo com a China sobre comércio e que pode não impor mais tarifas sobre o país asiático. Às 16h51, o dólar caía frente a emergentes e tinha recuo de 0,51% ante o índice DXY, cesta de moedas fortes.
"O dólar operou impactado por duas frentes principais: os novos nomes da equipe econômica, principalmente para o Banco Central, e na sequência, o sinal de acordo do presidente Trump de retomar entendimento com a China. Foram os protagonistas do movimento de hoje", aponta o diretor da corretora Correparti, Ricardo Gomes da Silva.