A bolsa encerrou o pregão desta quinta-feira, 10, renovando máxima histórica pela sexta vez neste ano após uma tarde de alternância de sinais, em parte, seguindo a instabilidade vista nos principais índices do mercado acionário nos Estados Unidos. O índice Bovespa fechou em alta de 0,21%, aos 93.805,93 pontos. Durante a sessão de negócios, na máxima intraday, renovou um novo pico ao tocar nos 93.987,17 pontos - bem perto dos 94 mil, onde, graficamente, existe um novo ponto de resistência.
Segundo Marco Tulli Siqueira, gestor de renda variável da Coinvalores, sem notícias locais relevantes, pesou o noticiário internacional. A maior instabilidade do índice por aqui ocorreu principalmente durante o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, quando os ativos do mercado americano reagiram de maneira negativa, mesmo que pontualmente.
Powell enfatizou que a principal preocupação no momento para os EUA consiste nos desenvolvimentos da economia global. Também falou que não há um plano predefinido para novos aumentos nas taxas de juros. "Nesse sentido, se ele reduzir o número de altas ou parar de subir juros é bom para o Brasil, porque acaba estimulando a vinda de recursos estrangeiros para cá", notou Tulli.
Ainda segundo o gestor da Coinvalores, as perspectivas domésticas para a economia, com inflação e juro básico baixo por um período mais longo, seguem sendo a força motriz para sustentar o índice. Além disso, ainda está na conta a expectativa positiva com relação ao governo de Jair Bolsonaro.
Após dois dias de desvalorização em parte impactada pelo noticiário político, as ações ordinárias do Banco do Brasil passaram o pregão em alta, mesmo enquanto seus pares do bloco financeiro apresentavam queda. No fim, fecharam em alta de 1,46%% enquanto Itaú Unibanco PN recuou 0,68% e Bradesco PN teve queda de 0,31%.
"Com relação ao BB, a expectativa dos investidores é sobre destrinchar todo conglomerado, fazer abertura de capital de algumas subsidiárias. Aos poucos será uma quase privatização camuflada, gerando caixa e valor de mercado", nota Tulli.
O dólar voltou para o nível de R$ 3,70 nesta quinta-feira, 10, influenciado pela valorização da moeda americana no exterior e por fatores técnicos. Após a euforia de quarta-feira no mercado, quando a moeda americana caiu para o menor valor em mais de dois meses, as mesas de câmbio esperavam um ajuste nesta quinta nas cotações. Mas o dólar chegou até a cair pela manhã, recuando para R$ 3,67 por conta da entrada de recursos do exterior. Pela tarde, operou em alta. O discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell reforçou o tom de cautela dos investidores, ao afirmar que o balanço da instituição será "reduzido substancialmente", o que vai retirar liquidez da economia mundial. O dólar à vista fechou em alta de 0,66%, a R$ 3,7076.
Na parte da tarde, a moeda americana renovou sucessivas máximas, chegando a R$ 3,72. As mesas de câmbio relataram que há a expectativa de uma saída de recursos do País nesta sexta-feira, que fazem parte de uma operação de empresa, e os investidores locais já teriam se antecipado a este movimento na tarde desta quinta.
Mesmo com o dado desta quinta, o dólar ainda acumula desvalorização de 4,33% e nos nove últimos pregões caiu em sete deles. Especialistas alertam, porém, que o potencial de valorização do real pode estar perto do fim.
A analista de moedas em Frankfurt do banco alemão Commerzbank, Thu Lan Nguyen, afirma ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que não vê muito mais potencial de alta do real, na medida em que boa parte das boas notícias já foi precificada nas cotações, sobretudo a perspectiva de avanço das reformas. "Agora os investidores vão querer ver essas reformas implementadas", afirma ela.
A analista do Commerzbank alerta para riscos no avanço das reformas nos próximos meses, sobretudo a da Previdência. "O ministro Paulo Guedes quer implementar uma reforma profunda, mas está longe de certo se o presidente Jair Bolsonaro dará carta branca para ele fazer isso", ressalta ela. Neste contexto, há chance de o dólar subir no curto prazo no mercado local. "Só esperamos que o real tenha apreciação adicional e de forma sustentável se a reforma da Previdência de fato for aprovada."
Com o noticiário doméstico esvaziado nesta quinta-feira e o ministro da Economia, Paulo Guedes, deixando Brasília para ir ao Rio de Janeiro, o cenário externo ditou os ritmos dos negócios no mercado local. Desde a parte da manhã, a cautela predominou no exterior, com dados fracos de inflação na China sinalizando que a segunda maior economia do mundo pode mesmo estar se desacelerando. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante uma cesta de moedas desenvolvidas, chegou a bater máximas ao longo do dia. No final da tarde, subia 0,31%.