Caixa quer adiar demissão voluntária devido à liberação do FGTS

Anúncio gerou polêmica entre os funcionários que já tinham novos projetos pós demissão
Estadão Conteúdo
Publicado em 30/07/2019 às 8:16
Anúncio gerou polêmica entre os funcionários que já tinham novos projetos pós demissão Foto: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


Para atender à demanda com os saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a Caixa avisou seus funcionários que vai adiar parte dos desligamentos previstos no programa de demissão voluntária (PDV). De acordo com fontes, o anúncio foi feito na semana passada pelos vice-presidentes Valter Nunes (Distribuição, Atendimento e Negócios) e Roney de Oliveira Granemann (Gestão de Pessoas) em um vídeo streaming.

O programa de demissão do banco público, aberto no fim de maio, havia conseguido a adesão de 3,5 mil funcionários. A Caixa pediu para adiar a saída de cerca de dois mil, todos eles atendentes em agências. Muitos já estavam com o dia marcado para a saída.

Transtornos

A decisão gerou polêmica e transtornos. Alguns funcionários estão buscando aconselhamento jurídico sobre o tema. Essa pressão pode fazer com que o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, volte atrás na decisão, avalia uma fonte.

"Nunca vi tanto desrespeito com os empregados em 30 anos de empresa. O cancelamento do PDV chega a parecer piada de mau gosto. Como se a decisão de cada empregado que aderiu ao programa não tivesse sido pensada e repensada. Como se não tivéssemos projetos pessoais após a opção pelo desligamento", reclamou uma funcionária na rede interna do banco. A Caixa foi procurada, mas preferiu não se manifestar.

O grande fluxo esperado pelas agências da Caixa após a liberação do saque e como o banco iria operacionalizar os atendimentos foi um dos motivos para o adiamento do anúncio da medida pelo governo.

Movimentação

O governo anunciou na semana passada a liberação de saques de até R$ 500 de contas ativas (referentes a contratos de trabalho atual) e inativas do FGTS neste ano. O limite é por conta. Ou seja, se o trabalhador tiver uma conta ativa e uma inativa, poderá sacar R$ 1 mil. O valor foi antecipado pelo Estadão/Broadcast.

A projeção do governo é que os saques do FGTS e também do PIS-Pasep (cujo calendário de liberação começa em agosto) injetem R$ 42 bilhões na economia até 2020. Hoje, há cerca de 260 milhões de contas ativas e inativas no FGTS. Desse total, cerca de 211 milhões (80%) têm saldo de até R$ 500. Segundo o governo, 96 milhões de brasileiros serão beneficiados.

No governo Michel Temer, foi permitido o saque de contas inativas do FGTS. De acordo com a Caixa, os saques somaram R$ 44 bilhões, com 25,9 milhões de trabalhadores beneficiados.

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