A conta de luz dos clientes residenciais terá aumento de 8,04%, que entrará em vigor a partir da sexta-feira (29) . O efeito será sentido nas contas de maio e o percentual foi o maior reajuste praticado pela Celpe para esses consumidores nos últimos seis anos. Para o leitor ter ideia, um dos índices que mede a inflação oficial do País, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 6,30% nos últimos 12 meses. "O aumento da conta vai sobrar para a classe média, que tem parte dos seus salários reajustados pelo IPCA e é o cliente residencial que possui mais eletrodomésticos", resumiu o diretor jurídico da Associação de Defesa da Cidadania e do Consumidor (Adecon), Raimundo Gomes de Barros. A melhor forma de continuar pagando a mesma conta é começar a economizar energia desde já. Incluindo as outras categorias de consumidores (como as empresas), a média de reajuste foi de 8,27%, embora a Celpe tenha pedido de aumento médio de 8,67%.
"O consumidor não se dá conta, mas algo que ele tem que começar a observar é a potência dos eletrodomésticos. Quanto mais alta, maior é o gasto com o consumo de energia", diz a assessora de eficiência energética do Grupo Neoenergia, Ana Cristina Mascarenhas. Para economizar, o consumidor deve prestar atenção antes de comprar os produtos, examinando se eles têm o selo Procel, concedido pelo governo federal. "Os aparelhos de ar-condicionado e ventiladores que possuem o selo consomem 30% a 40% menos energia, comparando com o mesmo eletrodoméstico sem a certificação", afirmou Ana.
Ainda com relação ao ar-condicionado, a especialista dá outras dicas. "Ligar o ventilador de teto e o ar ao mesmo tempo gera economia de energia porque o ambiente fica frio mais rapidamente. Também é importante colocar o aparelho numa temperatura de conforto, entre os 23 e 24 graus centígrados, que vai gastar menos energia do que se a temperatura for, por exemplo, 17 graus", explicou.
Trocar as lâmpadas incandescentes (as amarelinhas) pelas fluorescentes compactas resulta numa conta de energia menor. "Isso traz uma economia de 75% de energia. Já existem lâmpadas compactas fluorescentes que não alteram a cor do ambiente", comentou. Uma lâmpada incandescente de 100 watts produz a mesma quantidade de luz que uma fluorescente compacta de 25 watts.
Até o tamanho da tela da televisão faz o consumidor gastar mais energia. As telas maiores precisam de mais energia. "Um computador que tenha uma tela de descanso com animação também consome mais energia", disse Ana. Em caso de viagem, ela aconselha o usuário a desligar da tomada equipamentos, como as TVs de tela plana, aparelhos de som, de TV a cabo e computador, porque mesmo sem estar em uso, eles consomem energia.
ALTA - A inflação está voltando com força e teve um impacto de 3,20% em algumas despesas da Celpe, como os custos operacionais, que equivalem a 39,13% do Índice de Reajuste Tarifário (IRT). Outro fator que contribuiu para a alta foi o aumento de 4,12% no preço da energia comprada, que ocorreu devido aos novos contratos fixados pela Celpe com preços mais altos do que os antigos. Também entrou aí a compra de energia de reserva, aquela que foi gerada pelas térmicas porque o governo federal mandou as térmicas produzirem para poupar a água dos reservatórios das hidrelétricas.
Os encargos setoriais (taxas recolhidas pelo governo federal para fins específicos, como bancar o combustível de áreas remotas da Amazônia) trouxeram um impacto de 1,02% no reajuste da conta dos pernambucanos. Os encargos vão representar 10% de toda a receita que a Celpe vai arrecadar até o próximo aumento.
E, finalmente, outro vilão da alta na conta de luz foi o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), que ficou em 10,95% de abril de 2010 a março de 2011. "Deveriam usar o IPCA para reajustar a conta de luz já que ele acompanha a remuneração do trabalhador", explicou Raimundo Gomes de Barros, acrescentando que o cliente residencial fica de mãos atadas, porque só pode comprar a energia da Celpe. Os grandes clientes podem escolher a empresa da qual vão comprar energia.