Usineiros do Nordeste querem vender etanol diretamente aos postos

Medida simplificaria a logística e reduziria o preço do combustível para os consumidores em até R$0,20 por litro
Da editoria de economia
Publicado em 16/06/2018 às 9:17
Medida simplificaria a logística e reduziria o preço do combustível para os consumidores em até R$0,20 por litro Foto: Acervo/JC Imagem


Se as usinas pudessem vender o etanol hidratado diretamente aos postos de combustíveis, o preço do produto para o consumidor poderia cair entre R$0,15 e R$ 0,20 por litro. O cálculo é do presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha. Junto com outras sete entidades que reúnem produtores de álcool do Nordeste, o Sindaçúcar-PE emitiu uma nota conjunta, para rebater argumentos de alguns produtores do Sul, divulgados ontem pela imprensa, que querem manter o mercado como é atualmente: com as usinas tendo que vender o etanol para distribuidoras, que então repassam o combustível vegetal ao revendedor final.

Na próxima semana, o Senado irá votar o Projeto de Decreto Legislativo 61/2018, que autoriza a venda direta de etanol hidratado de usinas para os postos. Apoiam a flexibilização das vendas: Sindaçúcar-PE, Sindicato da Indústria de Álcool dos Estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, Sindaçúcar-PI, Sindaçúcar-BA, Federação dos Plantadores de Cana do Brasil, União Nordestina dos Produtores de Cana de Açúcar, Associação dos Plantadores de Cana-de-Açúcar de Alagoas, Associação dos Plantadores de Cana-de-Açúcar do Rio Grande do Norte .

ETANOL

“Esta proibição vem desde a criação do Pró-álcool pelo governo, há 40 anos. Já merecia ser revisto há muito tempo. O mercado se modernizou, o processo de distribuição também precisa se modernizar”, argumenta Renato Cunha. Como exemplo da intrincada logística que hoje é obrigatória para que o etanol chegue aos postos, o combustível vegetal produzido em uma usina em Timbaúba, Zona da Mata Norte do Estado, não pode abastecer diretamente um posto na vizinha cidade de Goiana. “O etanol tem que fazer uma viagem de cerca de 150 quilômetros, até Suape, em Ipojuca, para uma simples troca de nota na base da distribuidora para então voltar a Mata Norte. Não há análise de qualidade, nada, só uma viagem de 300 quilômetros, ida e volta. Um atraso em termos de racionalização de custos”, diz Renato Cunha.

O presidente do Sindaçúcar afirma ainda que os produtores de álcool do Nordeste não estão contra as distribuidoras. A medida de flexibilizar a distribuição serviria apenas para o etanol hidratado (utilizando como combustível nos carros com motor flex). Já o etanol anidro (sem adição de água), continuaria seguindo para a base de distribuição, no porto de Suape, para ser adicionado a gasolina.

O governo anunciou ontem(15), que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), criaram um grupo de trabalho para estudar a viabilidade de mudanças na estrutura do mercado de combustíveis do Brasil. Na nota divulgada pela ANP, consta que “está no escopo do grupo de trabalho a promoção da concorrência como instrumento para elevar a competitividade e a inovação na economia brasileira”. Além do Decreto Legislativo 61/2018 que será apreciado na próxima semana, há outros cinco projetos de lei sobre o mesmo tema tramitando entre a Câmara Federal e o Senado.

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