Estudo irá analisar possibilidade de parceiro privado na gestão de Suape

A previsão é de que a análise seja concluída em 18 meses, oferecendo propostas mais flexíveis de como gerir o empreendimento
MARÍLIA BANHOLZER
Publicado em 10/04/2019 às 8:13
A previsão é de que a análise seja concluída em 18 meses, oferecendo propostas mais flexíveis de como gerir o empreendimento Foto: Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem


Suape pode iniciar em breve um caminho de privatização. É o que aponta uma articulação anunciada ontem entre o governo do Estado, por meio do Complexo Industrial Portuário de Suape, e o Ministério de Infraestrutura, através da Secretaria Nacional dos Portos e Transportes Aquaviários. O modelo de gestão do Porto Organizado de Suape, no Cabo de Santo Agostinho, será alvo de um estudo a ser contratado, via licitação, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A proposta inicial é de que um parceiro privado faça parte da gestão do terminal. Por enquanto, no entanto, o governador Paulo Câmara não considera a perda de controle do Estado sobre o terminal. “Trata-se de um estudo de possibilidades, não de um modelo específico. Mas nossa ideia é que a iniciativa privada entre como parceira e o Estado permaneça no controle”, salientou o governador Paulo Câmara.

A previsão é de que a análise seja concluída em 18 meses, oferecendo propostas mais flexíveis de como gerir o empreendimento, que vem atravessando problemas de autonomia desde que a Lei 12.815/2013, conhecida como a Nova Lei dos Portos, entrou em vigor.

As tratativas para o estudo acontecem em meio aos trâmites para que Pernambuco retome a autonomia sobre as negociações do Porto de Suape, capacidade perdida desde a gestão de Dilma Rousseff, quando o governo federal assumiu o poder sobre processos licitatórios e contratos de arrendamentos. Desde então, entraves burocráticos impedem que novos investimentos aportem em Suape.

“A busca pela retomada da autonomia do Porto de Suape segue firme e acreditamos que a teremos de volta até o fim do ano. Mas precisávamos encontrar solução de longo prazo, enxergar possibilidades para os próximo cinco ou dez anos”, explicou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach. Ele ainda esclareceu que o estudo será bancado pelo BNDES e custeado pelo governo federal. “Nosso investimento será após a conclusão do estudo, que mostrará novos cenários, para onde seguir”, contou.

Bruno Schwambach não descarta que um dos modelos apontados pelo estudo seja a total privatização. “Não podemos prever o futuro. O estudo pode mostrar diversos caminhos, inclusive este. Mas, hoje, o governo não está disposto a abrir mão da empresa Suape”, esclareceu.

Flexibilidade

Otimista, o diretor-presidente do Complexo de Suape, Leonardo Monteiro Cerquinho, avalia que o estudo ajudará a tornar o terminal portuário mais competitivo. “Modelos mais flexíveis de gestão podem proporcionar ganhos em eficiência e produtividade. Podemos quebrar amarras e atrair novos investimentos, gerando novas oportunidades de emprego”, comentou.

O Porto de Suape quase dobrou o volume de movimentação de carga, em cinco anos, muito embora tenha anotado ligeira redução de 2017 para 2018. “Embora tenha apresentado crescimento significativo nas movimentações de cargas nos últimos anos, o Porto de Suape demanda novos investimentos em infraestrutura para alcançar seu pleno potencial como hub logístico no transporte e transformação de bens e mercadorias”, justificou o Ministério de Infraestrutura em nota.

Operador do Cone Suape, Marcos Roberto Moura Dubeux avaliou a novidade de forma positiva. “Esse modelo deveria ser seguido incluindo outros ativos logísticos, criando uma empresa multimodal de Pernambuco, com governança de mercado e independente, fortalecendo a estratégia de consolidar o Estado como cluster logístico e de inovação de referência.”

Embora reconheça que os reflexos do estudo devem demorar mais de dois anos para serem sentidos, o presidente em exercício da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Alexandre Valença, garante que a chegada de um parceiro privado só trará benefícios: “Embora acredite que ainda vai demorar para vermos os resultados, acho importantíssima a entrada de um privado e é bom que seja um operador portuário internacional. Isso só vai melhorar produtividade de Suape”.

Números de Suape

Hoje, aos 40 anos, o Complexo de Suape conta com 100 empresas instaladas – ou em processo de implantação – em seu território de 13,5 mil hectares. Esses empreendimentos somam mais de R$ 50 bilhões em investimentos privados, empregando um total de 22 mil trabalhadores diretamente.

O anúncio do estudo para Suape aconteceu no mesmo evento em que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, assinou oito contratos de adesão de Terminais de Uso Privado (TUPs) para ampliar a movimentação de cargas no Brasil. A iniciativa vai garantir investimentos de mais de R$ 235 milhões para as regiões Norte, Sul e Nordeste. 

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