O comércio do Centro do Recife ainda pena com muitas lojas fechadas nas principais ruas, como Imperatriz, Palma, Concórdia e Nova. Mesmo assim, não falta esperança entre os comerciantes depois das novas medidas tomadas pelo governo para estimular o consumo das famílias.
A comerciante Lizandra Ferreira trabalha em uma pequena loja de confecções femininas e diz que viu a movimentação no comércio do Centro cair nos últimos anos. “Em 2014 éramos seis funcionários na loja. Agora somos só três”. Apesar da redução do negócio ela está confiante no movimento deste final de ano e no início de 2020. “Acho que a partir de outubro começa a recuperação. E no ano que vem tem essa parcela extra do FGTS, do saque de aniversário, é mais dinheiro circulando, né?” diz esperançosa.
A gerente administrativa Ana Carolina Lima trabalha em um grande magazine na Rua da Imperatriz, na Boa Vista. Ela diz que a loja está focada, desde o mês passado, em atrair consumidores que optaram por usar os R$ 500 do saque imediato do FGTS em compras de eletrodomésticos. Ela também está otimista. “Ainda não sentimos um aumento significativo nas vendas por conta do FGTS mas acredito que com a proximidade do fim do ano o movimento certamente vai crescer porque vai sobrar mais dinheiro no bolso das pessoas”, diz Ana Carolina.
Otimismo mesmo é do comerciante Jorge Tales. Ele diz que a crise até o ajudou porque conseguiu negociar um ponto comercial maior que estava fechado na Rua da Imperatriz por um preço bem em conta. “Saí de uma loja de 500 metros quadrados e vim para outra de 800 metros quadrados. Investi em estoque, ampliei a variedade de produtos, contratei mais cinco funcionários e espero que as vendas cresçam em torno de 50% até o final do ano”. Jorge, que comercializa calçados e artigos esportivos, diz que o mês de setembro já foi muito bom, com aumento de 30% no faturamento, mas ele não sabe precisar se foi por conta do FGTS ou das novas instalações. “De qualquer forma, qualquer dinheiro extra que entra na economia vai ser bom para o comércio”, resume.
A liberação de recursos das contas do PIS/Pasep e do FGTS deve estimular o consumo nos últimos quatro meses do ano. Se confirmada a estimativa do Ministério da Economia de saques de cerca de R$ 30 bilhões entre agosto e dezembro de 2019, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que R$ 13,1 bilhões serão gastos no comércio (R$ 9,6 bilhões) e nos serviços (R$ 3,5 bilhões), além de R$ 12,2 bilhões (40% do total) que serão utilizados pelos consumidores para a quitação ou abatimento de dívidas e R$ 4,7 bilhões (16% do total) que deverão ser poupados ou consumidos somente em 2020.