Falta pouco menos de um mês para o Black Friday que, este ano, acontece no próximo dia 29. A data marca o início do melhor período de vendas para o comércio que vai até, mais ou menos, 24 de dezembro, e envolve também o Natal.
Cada vez mais incorporada ao calendário de datas comemorativas do varejo nacional (junto com outras datas campeãs de vendas como Dia das Mães e Natal), a Black Friday deve mobilizar mais empresários neste ano, acompanhando a tendência de recuperação da economia. Uma pesquisa feita em todas as regiões do País pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que 21% dos comerciantes brasileiros devem aderir a sexta-feira de promoções. Em 2018, 16% dos empresários participaram do evento, segundo a CNDL.
Para o diretor executivo da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife, Fred Leal, a Black Friday, que no início era mais focada no comércio on-line, se tornou um evento importante para o varejo. Fred Leal afirma que as lojas de calçados e confecções do Centro do Recife são menos impactadas pelo apelo da sexta de descontos “porque o interesse do público é mesmo pelos produtos eletrônicos”. Ele , no entanto, admite que é uma data de boa venda, sim. “A própria indústria já entendeu isso e oferece descontos para que o comerciante trabalhe margens mais interessantes nesta época,” diz Leal, afirmando ainda que, no Brasil, a data acabou se desvirtuando um pouco. “Por aqui, o Black Friday, que deveria ser apenas um dia, dura a semana inteira, ou mais, o que pode acabar esvaziando um pouco as compras do Natal, que ainda é a maior data do comércio varejista”, disse Leal.
Para Robson Juvenal, gerente de uma loja de eletrodomésticos no Shopping RioMar, o esvaziamento de clientes acontece mesmo agora, no início do mês de novembro. “O povo se segura para esperar pelo Black Friday”, diz Robson enquanto percorre com o olhar a loja praticamente vazia. “Dá um pouco de ansiedade porque a gente vai ter apenas alguns dias para bater a meta de vendas de um mês inteiro”, diz o gerente. “E bate?”, pergunto. “A gente chega a vender 10 vezes mais do que em um dia comum”, relata Robson, aliviado. O motivo são os descontos, que podem chegar a até 80%, garante.
Em outra loja de eletrodomésticos, na Rua da Palma, Centro do Recife, os vendedores jogam conversa fora, por conta do movimento reduzido. Enquanto isso, o gerente Edson Arruda faz as contas. “Minha média normal de faturamento por dia é de R$ 50 mil. Não estou fazendo nem R$ 30 mil”, revela, mas não lamenta. “Depois do dia 10 já começamos a soltar as primeiras promoções e vai assim até o final do mês. Mas tem produto que só vai baixar mesmo no dia da Black”. Ele lista celulares, aparelhos de TV e geladeiras como os mais procurados. Edson, que diz ampliar o estoque em até 30% para atender a demanda, acredita que há chances de as vendas desse ano serem melhores do que em 2018. “Ano passado ficou abaixo do esperado. Mas o comércio está melhorando, devagar mais está”, afirmou o gerente que espera ver o movimento crescer cinco vezes mais, em relação a média normal.
A consultora de uma loja de cosméticos no Shopping RioMar, Vanessa Lima, se entusiasma com a aproximação da Black Friday. “Depois do Natal e do Dia das Mães é a data que mais vendemos, dá para fazer um bom dinheirinho extra com as comissões”, se anima. Vanessa diz que as datas tem propósito diferentes, por isso não interferem muito uma na outra. “Na Black as pessoas compram coisas para elas mesmas usarem, já no Natal é para presentear”, explica. Ela diz que os perfumes têm grande saída nesta época, e dá uma dica de boa vendedora. “As maquiagens é que trazem os maiores descontos, de até 60%”, conta.
Um dos motivos da boa expectativa dos lojistas com o período de vendas do fim de ano, além da tradicional chegada do 13° salário (a primeira parcela deve ser paga até 30 de novembro), é a injeção de dinheiro com a liberação do saque extra de até R$ 500 do FGTS. Serão R$ 40 bilhões disponibilizados até o dia 18 de dezembro. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) 40% do total desses recursos serão utilizados para a quitação ou abatimento de dívidas por parte dos consumidores. Os gastos imediatos com o comércio devem somar R$ 9,6 bilhões e com serviços, R$ 3,5 bilhões.
Para a presidente do Procon Recife, Ana Paula Jardim, esta semana é ideal para que os consumidores comecem a pesquisar preços dos produtos que têm interesse. O próprio Procon Recife já iniciou no último dia 15 de outubro uma pesquisa de preços de 31 itens mais demandados na Black Friday, como televisores, celulares e eletrodomésticos. Os preços estão sendo coletados em redes de lojas varejistas e em alguns sites de vendas. Os valores dos produtos serão acompanhados semanalmente até a última coleta de preços, que deverá ser feita na véspera da Black Friday, dia 28.
Ana Paula diz que, no ano passado, O Procon Recife recebeu muitas reclamações de consumidores sobre falsas promoções, por isso resolveram fazer a pesquisa. “Já percebemos uma flutuação de preços, com alguns itens ficando mais caros e outros até mais baratos. Mas o que queremos é identificar a prática abusiva de elevar demais o valor do produto próximo a Black Friday para só então aplicar o desconto. Se há um apelo de promoção é preciso que haja uma diferenciação real do preço, sob pena de não ser enquadrado como propaganda enganosa”, alerta Ana Paula Jardim.