As queixas de usuários de planos de saúde sobre demora na realização de consultas e no atendimento em hospitais conveniados levou a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a determinar a suspensão da venda de vários convênios médicos – as empresas serão anunciadas na tarde desta terça (10) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e pelo diretor-presidente da ANS, Mauricio Ceschin. No Grande Recife, onde o número de usuários de convênios médicos cresceu 80% nos últimos dez anos, bem mais que em Salvador, São Paulo ou Rio de Janeiro, o Instituto de Pesquisas Maurício de Nassau aponta que a grande queixa – de um em cada três consumidores – é a dificuldade no atendimento.
O encarregado de manutenção Elkinson de Andrade Silva, 35 anos, há 8 anos está no mesmo plano. Ele afirma gostar da qualidade do atendimento, mas diz que, “de uns tempos para cá”, ficou mais difícil utilizar o serviço. “A marcação demora muito, não é como há alguns anos”, comenta.
A promotora de eventos Leila Elias de Lima, 27 anos, engrossa a crítica. Assim como a maioria dos pesquisados, ela se diz satisfeita com o serviço em si. O problema é conseguir, de fato, usar o convênio médico.
A avaliação negativa sobre a demora no atendimento também sobra para os hospitais, uma percepção de espera excessiva não apenas da população local. Ontem, a reportagem abordou o analista financeiro Eval Fonseca, 38 anos, a empresária Maria Calado, 39 anos, e a pequena Isabel, de 2 anos. Eles vieram de Santos para passar as férias em Pernambuco. A criança apareceu com algumas manchas na pele e eles recorreram ao hospital.
“Demorou um pouco, porque tinha bastante gente. Mas realmente não era uma emergência”, comenta Eval. A lotação do hospital percebida pelos turistas se repete em outras unidades de saúde do Grande Recife.
O coordenador da pesquisa do Instituto Maurício de Nassau, Djalma Guimarães, afirma que os 32% de consumidores insatisfeitos e muito insatisfeitos com o atendimento dos planos são reforçados por outro dado: a principal melhoria sugerida pelos clientes para os convênios médicos é agilizar a marcação de consultas (16,9% das sugestões) , seguida de maior número de médicos (11,3%) e melhor atendimento nos hospitais (9,2%).
A pesquisa chama atenção também em outro ponto. Diante de reclamações dos consumidores, a ANS decidiu suspender as vendas de planos com base na Resolução Normativa (RN 259), regra que estabelece prazo máximo de marcação de consultas entre 3 e 21 dias, dependendo da especialidade. Ainda assim, no Grande Recife, 34% desconhecem a função da agência. “Isso demonstra falta de informação, de que não somos educados a reclamar”, analisa Djalma.